Índios katukina, no Amazonas, ampliam produção extrativistas com manejo florestal

A Crítica (AM) - http://acritica.uol.com.br - 09/05/2011
Indígenas da região de Jutaí e Carauari participam de capacitação para que seus produtos ganhem valor agregado no mercado

O povo indígena katukina, no Amazonas, quer ampliar a produção e a comercialização de vassouras feitas de cipó-titica e do óleo de andiroba e copaíba.

Os katukina, cujas terras estão localizadas nas regiões dos municípios de Jutaí e Carauari, são exímios nesta produção, mas a necessidade de tornar mais eficiente a atividade demandou uma capacitação com técnicos especializados em manejo florestal.

Para isso, até setembro deste ano, os produtores indígenas participarão de uma série de atividades do projeto Aldeias, desenvolvida pelas ong Operação Amazônia Nativa (Opan) e Visão Mundial.

Em março passado, na aldeia Gato, na Terra Indígena Rio Biá, 27 indígenas de cinco aldeias katukina participaram de uma capacitação.

Foi a primeira etapa para a construção de um plano de manejo de produtos florestais não madeireiros para copaíba, andiroba e cipó-titica.

A próxima fase será fazer um inventário de espécies, a ser desenvolvido por engenheiros florestais, técnicos e pelos katukina.

Em seguida, os profissionais elaborarão propriamente o plano de manejo da TI Rio Biá, visando o licenciamento ambiental da atividade.

"O diferencial desta oficina foi a capacitação katukina não apenas em atividades relacionadas à coleta e à produção, mas na própria construção do plano de manejo. Os katukina aprenderam a fazer inventário utilizando GPS e bússola na localização das espécies, bem como calcular a altura e espessura das arvores, e confecção de plaquetas de identificação das mesmas", informou Genoveva Amorim, indigenista da Opan.

Inventário

O inventário com bússola foi ministrado através de um método conhecido como "mapeamento de espécies florestais e cálculo de área com uso de bússola e passos calibrados" (metodologia elaborada pela Universidade Federal do Acre - UFAC). Cada indígena katukina recebeu orientações para calibrar o seu passo.

Ao descobrir o tamanho de cada passo em centímetros, os katukina receberam instruções sobre o uso da bússola.

Em dupla, os participantes anotaram os pontos de referência e a localização de espécies interessantes para o manejo.

"Este é apenas um passo no fortalecimento do povo Katukina para que eles sejam incluídos em uma economia de base florestal sustentável, tenham seus produtos comercializados por um preço justo e sejam reconhecidos por sua capacidade histórica e cultural de manejar os recursos florestais na Amazônia", explica Genoveva Amorim.

Preservação

A Terra Indígena do Rio Biá tem 1.185.792 hectares localizados numa região muito preservada que compõe o Corredor Central da Amazônia.

Ao norte, a terra indígena faz limite com a Reserva Extrativista de Jutaí, a sudeste com a Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Cujubim e a oeste com a Reserva Extrativista do Médio Juruá.

Atualmente há oito aldeias: Boca do Biá, Gato, São Bento, Janela, Sororoca, Santa Cruz, Bacuri e Sururucu.

A homologação da área só ocorreu em 1997, mas a OPAN já participava diretamente do processo de demarcação desde 1987, quando também trabalhava de forma ativa com saúde indígena nessa região.

Depois, seguiu atuando em ações de vigilância, alfabetização na língua indígena, oficinas de capacitação e projetos de alternativas econômicas.

Projeto

O Projeto Aldeias desenvolve-se em sete terras indígenas do estado do Amazonas, nas bacias dos rios Purus, Juruá e Jutaí.

É uma iniciativa da Opan em parceria com Visão Mundial, iniciada em outubro de 2008, e que conta com o apoio da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID).


http://acritica.uol.com.br/amazonia/Indios-katukina-Amazonas-extrativistas-florestal_0_477552455.html
PIB:Juruá/Jutaí/Purus

Related Protected Areas:

  • TI Rio Biá
  •  

    As notícias publicadas neste site são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.