Os povos Deni das aldeias do rio Xeruã e Katukina do Biá vão apresentar os Planos de Gestão Territorial de suas terras indígenas em encontros regionais que acontecem simultaneamente nas cidades de Carauari e Jutaí, no estado do Amazonas, na semana que vem.
As publicações são resultado de um trabalho de três anos dos povos indígenas com a OPAN e a Visão Mundial através do Projeto Aldeias - Conservação na Amazônia Indígena, que teve apoio da USAID. Os povos indígenas participaram de diagnósticos, avaliações ecológicas, oficinas de etnomapeamento e etnozoneamento, como ferramentas para apoiar a discussão e a identificação de alternativas para melhorar a gestão dos recursos naturais das aldeias e da vida coletiva, de um modo geral.
Os planos de gestão constituem uma espécie de 'carta de negociação' dos Deni e dos Katukina em diversos níveis: com as agências governamentais, em particular a FUNAI, apontando caminhos para sair da simples assistência; com os parceiros não governamentais, para traçar pautas de colaboração a partir da iniciativa indígena; e com as populações vizinhas, em particular os extrativistas das unidades de conservação, com quem começam a ser costuradas as primeiras alianças. "Eles expressam uma pauta indígena, apontando não tão-somente soluções para a gestão das terras indígenas, mas para a própria 'gestão da Amazônia'", considera Miguel Aparício, gestor do Projeto Aldeias.
Programas de georreferenciamento foram usados nas aldeias e projetados nos terreiros com participação coletiva para construir mapas e etnomapas. Além disso, foi possível desenvolver, de modo inovador, zoneamento de áreas de uso dos recursos naturais, de áreas de conflitos e invasões.
Plano de Vida
Além do Plano de Gestão da Terra Indígena Rio Biá, dos Katukina, vai acontecer em Jutaí a apresentação do Plano de Vida da COPIJU, o Conselho dos Povos Indígenas de Jutaí. A publicação visa construir e incorporar ferramentas para o melhor diálogo do movimento indígena com a sociedade, governo, instituições públicas e com as comunidades na busca pela qualidade de vida e reafirmação dos direitos indígenas. A COPIJU é a organização indígena regional composta pelas etnias Kokama, Kambeba, Mayoruna, Tikuna, Katukina, Kulina e Kanamari do município de Jutaí. Do mesmo modo, os Deni vão expor seu Plano de Gestão da Terra Indígena Deni/Rio Xeruã na cidade de Carauari, na bacia do rio Juruá.
Os encontros regionais de Jutaí e Carauari pretendem consolidar o relacionamento franco dos povos indígenas com agências do governo municipal, estadual e federal, organizações socioambientais, comunidades extrativistas e demais grupos sociais. O objetivo é fortalecer a rede de alianças para viabilizar a implementação dos planos de gestão e o acesso e participação das comunidades indígenas na construção de agendas regionais.
"Trata-se de um avanço concreto nos contextos específicos das regiões do Médio Solimões e do Médio Juruá, para a efetiva construção da política nacional de gestão territorial indígena. Os povos indígenas estão construindo suas próprias soluções diante dos dilemas de gestão que eles enfrentam atualmente nas suas terras, apontando pistas para uma nova economia florestal a partir de suas próprias visões do mundo", comenta Miguel Aparicio.
Serviço:
O quê: Encontros regional em Jutaí para apresentação do Plano de Gestão Territorial da Terra Indígena do Rio Biá e do Plano de Vida da COPIJU
Quando: 8, 9 e 10 de setembro de 2011, das 8h às 18h
Onde: Sede do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (IDAM) de Jutaí, AM
O quê: Encontro regional em Carauari para apresentação do Plano de Gestão Territorial da Terra Indígena Deni/Rio Xeruã
Quando: 8 e 9 de setembro de 2011, das 8h às 18h
Onde: Auditório Municipal de Carauari, AM
Projeto Aldeias
O Projeto Aldeias se desenvolveu em 7 terras indígenas do estado do Amazonas, nas bacias dos rios Purus, Juruá e Jutaí. É uma iniciativa da OPAN e de Visão Mundial com apoio da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID). Os dois objetivos principais do programa foram o apoio à conservação da biodiversidade e ao manejo de recursos naturais nas terras indígenas Katukina do Biá, Deni, Paumari do Rio Cuniuá, Paumari do Lago Paricá e Paumari do Lago Manissuã; além do fortalecimento das organizações indígenas locais e regionais. Houve também uma componente em parceria com a Coordenação de Índios Isolados e de Recente Contato (FUNAI/CGIIRC), de proteção etnoambiental dos povos indígenas Hi Merimã e Suruaha, no marco da Frente Purus de Proteção Etno-ambiental.
OPAN
A OPAN foi a primeira organização indigenista fundada no Brasil, em 1969. Atualmente suas equipes trabalham em parceria com povos indígenas do Amazonas e do Mato Grosso, desenvolvendo ações voltadas à garantia dos direitos dos povos, gestão territorial e busca de alternativas de geração de renda baseadas na conservação ambiental e na manutenção das culturas indígenas.
http://www.amazonianativa.org.br/noticia.php?id=87
PIB:Juruá/Jutaí/Purus
Related Protected Areas:
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