Festa é organizada pelos índios e nesta edição foi voltada para os jovens.
Os javaés e karajás compartilham as belezas da Ilha do Bananal.
Enquanto nas grandes cidades brasileiras, a semana da independência é comemorada com atos cívicos pelas ruas. No Tocantins, povos indígenas da Ilha do Bananal, sudoeste do estado, se reúnem para a Festa da Independência dos Povos Indígenas. O evento é comemorado entre os javaés e os karajás todos os anos, mas nesta edição teve um fato inédito que foi a organização pelos próprios índios e a integração de outros povos indígenas do Tocantins e do Mato Grosso e brancos na festa.
Esse ano, devido a mais um registro de suicídio na quarta-feira (4), de um jovem de 17 anos, na aldeia Canoanã, o evento foi transferido para a aldeia Txuiri. O local, que antes era denominado Porto Piauí e povoado por cerca de 1200 brancos, foi desocupado em 1995, tornando área indígena, hoje habitada por 120 índios javaés.
O pequeno povoado indígena, com casas de alvenaria e telhas, fica a cerca de 42 km do município de Formoso do Araguaia e o que o separa os índios da cidade é apenas uma praia, formada pelo rio Javaé, um dos braços do rio Araguaia, que pode ser atravessado a pé.
E foram os 120 moradores que acolheram os integrantes de povoados indígenas que chegaram em carros, ônibus, caminhonetes e motos, como Firmino Wazase Xerente, da aldeia Brupe, no município de Tocantínia, que foi com outras 28 pessoas para a festividade. "Sempre recebo o convite e acho importante participar para encontrar e conhecer outros povos."
Para receber os convidados uma grande estrutura foi montada, com barracas para venda de bebidas e comidas, tendas e um palco para as atrações musicais, como o grupo Forroboys. Em cada residência as barracas foram tomando conta dos espaços vazios e as mulheres se revezaram para fazer comida.
"Temos as casas e cada um recebe seus convidados e familiares. O importante é fazer o evento, promover a interação social indígena e fazer com que as pessoas conhecam a realidade da nossa aldeia. O evento é nosso, idealizado e realizado 100% por nós indígenas", diz um dos organizadores Idjawala Karajá.
E na festa, brancos também compareceram, uns para se divertir e outros para ganhar um dinheiro a mais. Pedro Leôncio foi um dos primeiros a montar a barraca de bebidas e alimentos. "Sempre monto a barraca na aldeia Canoanã. Estou aqui ganhando um dinheiro, está tranquilo", ressalta, lembrando que há sempre uma mistura de indígenas e brancos.
Atividades
Mais do que comemorar e integrar os povos, a Festa da Independência quer mostrar aos jovens, que é possível ocupar o tempo com atividades esportivas e culturais. Desta forma, segundo os organizadores, será possível diminuir o índice de suicídios na Ilha do Bananal, que já chega a cerca de dez somente este ano.
Partidas de futebol, luta corporal e corrida foram algumas das atividades disputadas pelos índios. Marcel Xerente disputou duas baterias, da corrida, que teve 18 concorrentes e levou o título de melhor nos 100 metros rasos, no dia em que completou 20 anos. "Estou correndo aqui a primeira vez, mas treino desde pequeno para ser campeão."
E neste clima festivo e competitivo, crianças, jovens, adultos e idosos dos povos xerente, javaé, karajá xambioá, avacanoeiro e tapirapê, essa última do Mato Grosso, compartilharam as belezas das paisagens da Ilha do Bananal, considerada a maior ilha fluvial do mundo, com cerca de 20 mil quilômetros quadrados de extensão e que hoje abriga cerca de cinco mil indígenas em 22 aldeias, sendo 13 javaés e nove karajás.
http://g1.globo.com/to/tocantins/noticia/2013/09/indios-comemoram-independencia-dos-povos-indigenas-no-tocantins.html
PIB:Goiás/Maranhão/Tocantins
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