Acusada de matar índios em confrontos, Gaspem Seguranças será fechada

MS Notícias - http://msnoticias.com.br - 21/01/2014
Funcionários da empresa também são acusados da morte dos índios


O MPF (Ministério Público Federal) em Mato Grosso do Sul anunciou na tarde da última sexta-feira (17) que conseguiu a suspensão imediata de todas as atividades da empresa Gaspem em Mato Grosso do Sul. A Polícia Federal deve lacrar a sede da empresa, que funciona na Vila Industrial em Dourados. A Justiça aceitou os argumentos do MPF e considerou que há "perigo de novas agressões e ilícitos" executados pela Gaspem, cujos serviços de segurança em propriedades em litígio (consideradas terras tradicionais pelos indígenas) é feito mediante contrato com fazendeiros.

A Gaspem oferece serviços de segurança em propriedades com conflito fundiário e é acusada de executar ataques contra comunidades indígenas, que resultaram em dezenas de feridos e na morte de duas lideranças. Ela funciona irregularmente desde 14 de novembro de 2012, data em que venceu autorização de funcionamento expedida pela Polícia Federal, segundo o MPF.

De acordo com depoimentos, a empresa chegava a receber R$ 30 mil para cada desocupação. Os seguranças da Gaspem eram contratados para intimidar e aterrorizar as comunidades em atuações que, para o Ministério Público, caracterizavam desvio da finalidade da empresa, constituída para "prestar segurança privada em imóveis urbanos, rurais e eventos".

Para o Ministério Público Federal, a Gaspem é "um grupo organizado o qual dissemina violência contra os guarani-kaiowá do cone sul do Estado de Mato Grosso do Sul através de pessoas brutais nominadas 'vigilantes', na maioria das vezes sem qualificação para o exercício da atividade, portando armamento pesado e munições, a fim de praticarem atos contrários ao ordenamento jurídico e à segurança pública".


Milícia privada

Em Mato Grosso do Sul, desde 2005 há registros de casos de violência rural com envolvimento da Gaspem. Há relatos de ameaças feita por funcionários da empresa à comunidade guarani-kaiowá Apyka'i (Curral do Arame), cujos barracos foram destruídos em incêndio ocorrido em agosto de 2013 na BR 463.

Em 2009, a mesma comunidade teve seus barracos criminosamente queimados. A participação da Gaspem no episódio está sendo investigada, além do possível envolvimento da empresa nos ataques às comunidades Lagoa Rica, Laranjeira Ñanderu, Ñanderu Morangatu, Sombrerito, Pyelito Kuê e Guaiviry, todas próximas a áreas reivindicadas como tradicionalmente indígenas.

Funcionários da empresa também são acusados da morte dos índios Dorvalino Rocha e Nízio Gomes, em processos que tramitam na Justiça Federal de Ponta Porã. OMPF também pede o bloqueio de R$ 480 mil a título de dano moral coletivo.



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PIB:Mato Grosso do Sul

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