Crime na aldeia mobiliza a Funai

O Liberal-Belém-PA - 19/01/2005
Fundação procura informações para esclarecer morte de comerciante por índio amanayé e negocia com líderes a entrega do acusado à Polícia

O administrador substituto da regional da Funai em Marabá, Raimundo Otávio Miranda, e a advogada da Fundação, Semaris França estão na aldeia Sarawá, em Ipixuna do Pará, onde vivem cerca de 20 índios da tribo amanayé. Os dois funcionários devem regressar a Marabá sexta-feira, provavelmente com a versão dos índios sobre a morte do comerciante Mário Francisco Gonçalves Oliveira e a posição das lideranças da tribo sobre a entrega do índio Domingos às autoridades policiais. O crime aconteceu domingo. Por ser área de jurisdição da Funai, qualquer incursão policial só poderá acontecer mediante autorização.

Segundo o delegado Paulo Renato, superintendente da Polícia Civil na região Guajarina, com base em informações apuradas pelos policiais civis e militares que resgataram o corpo do comerciante, já existia uma animosidade entre vítima e homicida. Uma das versões colhidas pelos policiais é de que uma filha do comerciante assassinado teve um caso amorosos com um dos índios que residem na aldeia Sarawá. E que isso teria alimentado, em Mário Francisco, um sentimento de ódio e rancor. Não se sabe, contudo, se o índio seria Domingos. Mas ele e o comerciante tiveram encontros nada amistosos nos últimos meses, segundo testemunhas.

Na manhã do domingo, e depois de viajar cerca de hora e meia de carro até o ponto da balsa, no rio Capim, e mais de três horas de voadeira, o grupo ao qual estava integrado Mário Francisco, formado por sete pessoas, parou no porto onde tudo aconteceu. A parada foi para que todos se banhassem e comessem, e a voadeira na qual viajavam fosse abastecida. Segundo testemunhas, Domingos viu a chegada de Mário e iniciou o atrito, com troca de acusações mútuas. Domingos apontou sua cartucheira em direção a Mário e disparou, acertando o lado direito da face do comerciante, que teve morte instantânea. Domingos estava acompanhado apenas de outro índio.

Os policiais envolvidos na operação de resgate do corpo disseram que quando chegaram no porto não havia nenhum índio no local e nem mesmo na aldeia. Tudo leva a crer que todos fugiram temendo uma retaliação por parte de parentes e amigos da vítima do índio amanayé.

O delegado Paulo Renato disse que já ouviu os seis integrantes do grupo de Mário Francisco, e que agora aguarda a presença da esposa da vítima, para que ela esclareça os motivos que levaram às desavenças entre o comerciante e o índio. Ele disse que possivelmente o inquérito policial aberto para apurar o homicidio deverá ser transferido para a alçada da Polícia Federal, "para que
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