Enquanto em Mato Grosso o preço médio pago pelo látex não chega a dois reais o quilo, os moradores da Reserva Extrativista Guariba-Roosevelt receberam R$ 4,50 por quilo na última safra da borracha. A produção total na Resex é de 14 toneladas por safra.
Só é possível os extrativistas receberem este valor porque eles conseguiram acessar recursos da Política de Garantia de Preços Mínimos para produtos da Sociobiodiversidade - PGPMBio. Executado pela Companhia Nacional de Abastecimento - Conab desde 2009, a política é, na prática, uma subvenção aos extrativistas que comercializam produtos da sociobiodiversidade, garantindo o pagamento do preço mínimo na venda desses produtos.
Garantir que os moradores da Resex recebam um valor justo pela sua produção extrativista é um dos objetivos desenvolvidos pelo projeto Pacto das Águas, patrocinado pela Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental. "Além de contribuir na geração de renda para a comunidade, a cultura da seringa tem resultados direto na manutenção da floresta em pé", explica Emerson de Oliveira, técnico do projeto na região.
Além do preço pago a mais peça subvenção, a Associação dos Moradores Agroextrativistas da Resex Guariba Roosevelt Rio Guariba - Amorarr inovou ao fazer uma gestão e pagar a produção de forma antecipada às famílias. O que pelos trâmites normais da política, cada família demoraria até 30 dias para receber a diferença.
O Pacto das Águas acredita que incentivar a produção tradicional dos extrativistas é uma maneira eficiente de ajuda-los a conservar sua cultura e ser um estímulo mais para que os jovens permaneçam nas terras. Além da produção da seringa, o projeto Pacto das Águas também assessora tecnicamente na produção da castanha-do-Brasil, além de ajudar na instalação da infraestrutura necessária no desenvolvimento da atividade, que, somente na Resex, gira em torno de 50 toneladas.
O Pacto das Águas ajudou na elaboração de um projeto desenvolvido pela Amorarr para o melhoramento da produção da farinha de mandioca. Emerson explica que o projeto vai ao encontro das necessidades da comunidade. "Além da castanha e da seringa, a produção da farinha de mandioca é uma atividade tradicional, exercida pelas mulheres e que precisava de auxílio", complementa.
Os seringueiros dos rios Guariba e Roosevelt, reconhecidos como os povos da floresta, são remanescentes do ciclo da borracha na Amazônia, cuja ocupação na região Noroeste de Mato Grosso teve início em 1879. A economia dos seringueiros é baseada no manejo intensivo da biodiversidade, como a extração do látex da seringueira do óleo de copaíba e da castanha do Brasil. A comunidade é composta aproximadamente por 60 famílias, distribuídas em 40 colocações (moradias) e comunidades às margens dos Rios Guariba, Roosevelt e Rio Branco, com uma área de aproximadamente 137.600 hectares.
Sobre o Pacto das Águas
Estimular e consolidar estratégias de desenvolvimento econômico pautadas na manutenção da floresta e respeito a cultura das populações. Este é o principal objetivo do projeto Pacto das Águas, que há oito anos atua na região Noroeste de Mato Grosso e Sudeste de Rondônia, apoiando o manejo florestal comunitário, como a seringa e a castanha, envolvendo mais de 3 mil pessoas.
Os seringueiros da Reserva Extrativista Guariba-Roosevelt, a única em Mato Grosso, integram essa iniciativa juntamente com vários povos indígenas: Cinta Larga, das Terras Indígenas Serra Morena e Parque Indígena do Aripuanã; Rikbaktsa, da Terra Indígena Japuíra; Gavião e Arara, da Terra Indígena Igarapé Lourdes; Tupari, Aruá, Makurap e outros, da Terra Indígena Rio Branco.
Além de ser considerada como uma das mais bem sucedidas experiências em alternativas de geração de renda pautadas na conservação das florestas na Amazônia, o Pacto das Águas ajuda a garantir a conservação de 1,8 milhão de hectares de floresta amazônica, considerando a área ocupada pelos povos participantes do projeto.
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