Aldeias indígenas em Avaí não registram casos de dengue

G1 - http://www.g1.globo.com - 23/03/2015
A cidade de Avaí (SP), com pouco mais de 5 mil habitantes, confirmou 261 casos de dengue em 2015. O curioso é que nas quatro aldeias indígenas da cidade não há casos registrados. Em uma delas, na aldeia Ekeruá, nenhum caso é registrado há doze anos. Atualmente, para eles, é um risco ir à cidade. No total, cerca de 600 índios vivem nas aldeias de Avaí.

E preocupado com a evolução da doença, a ordem do cacique Jazone de Camilo é para que os índios só saiam da aldeia quando a situação da dengue nas cidades da região estiver sob controle. A medida é para que o avanço da doença não coloque em risco a saúde dos indígenas. "Essa é a orientação nossa aqui querendo passar para eles, pra evitar isso aí", adverte.

E a preocupação faz sentido. A aldeia fica na zona rural da cidade e está cercada por municípios que enfrentam epidemia da doença. As cidades vizinhas são Bauru, Lins e Marília, que já registraram, juntas, mais de 12 mil casos positivos de dengue e 10 mortes. Isso acaba causando medo nos indígenas. "Nós estamos cismados", afirma o cacique.

Até agora, a medida vem dando certo. Mas a aldeia também se previne caso alguém seja picado, segundo o professor da aldeia David Henrique da Silva Pereira. "A gente sabe que a qualquer momento alguém pode ser picado e trazer [a doença para a comunidade]. A ideia agora é conscientizar na aldeia para que, mesmo que alguém seja contaminado, aqui não tenha pernilongo. Acabando com o criadouro dele, você não vai ter o risco disso [doença] aumentar", explica.

E os responsáveis pela conscientização da comunidade indígena são as crianças e os adolescentes da aldeia. Eles se informaram sobre a dengue e assumiram o papel de agentes de saúde. A primeira ação foi desenvolvida na escola da tribo. Eles fazem palestras e tiram as dúvidas.

O morador da aldeia Júlio César Pio já aprendeu. "Quando chega a doença é muito difícil de você controlar, então a conscientização e prevenção é a melhor forma da gente evitar a proliferação do mosquito aqui na aldeia."

Além do trabalho na escola, os estudantes decidiram ampliar o projeto para as casas da aldeia e orientar as famílias. A partir de agora eles vão visitar uma a uma. Eles conversam com os moradores e vistoriam os quintais. Todos os recipientes propícios para a proliferação do mosquito Aedes Aegypti são eliminados. A ideia do grupo agora é expandir o projeto às aldeias vizinhas.

"Só limpando aqui não dá, tem que expandir, porque nós somos quatro aldeias", alega a coordenadora do projeto Martha Pio.

http://g1.globo.com/sp/bauru-marilia/noticia/2015/03/aldeias-indigenas-em-avai-nao-registram-casos-de-dengue.html
PIB:Sul

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