Servidores foram libertados após ficarem três dias reféns em aldeia. ICMBio e Funai mandaram carta abrindo diálogo para negociações.
O coordenador da Fundação Nacional do Índio (Funai) na região do Juruá, Luiz Valdemir Nukuni falou com o G1 logo após ter sido liberado por indígenas após ficar três dias retido em uma aldeia no Parque Nacional da Serra do Divisor, em Cruzeiro do Sul. Além dele, João Damasceno Filho, administrador do parque, Marbelita Araceli Rodrigues dos Santos e Rútila Ferreira Lima Silva, prestadoras de serviço ao Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade (ICMBio) também foram mantidas na aldeia.
Ele conta que em nenhum momento foram agredidos pelos indígenas, mas revela que o clima era de tensão entre os funcionários, que tentaram se manter calmos diante da situação. "Em parte foi tranquilo porque não fomos ameaçados fisicamente. É claro que mexe com o psicológico da pessoa, mas sempre permanecemos tranquilos para não pressionar e aguardávamos a resposta dos nossos órgãos. Agora vamos continuar nosso trabalho", disse.
Os indígenas revindicavam um posicionamento sobre a demarcação da terra, que segue em um processo jurídico. O ICMBio informou que o caso "encontra-se judicializado, havendo controvérsias entre Funai e ICMBio quanto ao tamanho da área a ser delimitada, em sobreposição a Unidade de Conservação".
Após a carta destinada ao líder da tribo, João Nawa, os indígenas anunciaram a libertação dos servidores. Nawa disse ao G1 que acredita que a partir de agora as negociações não devem mais parar.
O coordenador concorda com o líder indígena e acredita que as coisas devam avançar. "Avaliamos que foi positivo para ambos os lados e a gente sai daqui com o compromisso de dar continuidade aos acordos e entendimentos que tivemos. Estamos com o sentimento de avançar nos processos para que não venha acontecer novamente", ressaltou.
Luiz Nukuni disse que deve chegar em Cruzeiro do Sul na segunda-feira (20), tendo em vista a viagem da aldeia até a cidade.
Entenda o caso
Três servidores do Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade (ICMbio) e um da Fundação Nacional do Índio (Funai) foram impedidos de deixar a aldeia indígena Nawa, que fica dentro do Parque Nacional da Serra do Divisor desde a última quarta-feira (15).
O povo Nawa tinha sido considerado extinto entre os anos 1904 e 1998. Em 1999, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) reconheceu os índios que habitavam à margem direita do Rio Moa, na área do Parque Nacional da Serra do Divisor, como sendo remanescentes dos Nawa. Desde então, se iniciou o processo de reconhecimento étnico e o início da luta pela regularização fundiária do seu território, que culminou com a detenção dos quatro servidores público.
A unidade de conservação da Serra do Divisor tem 8 mil quilômetros quadrados e abrange os municípios de Mâncio Lima, Cruzeiro do Sul, Marechal Thaumartugo, Porto Walter e Rodrigues Alves. O coordenador do Centro de Formação e Tecnologias do Juruá (Ceflora), Evilásio Santos, avalia que o contato dos alunos com a região da Serra do Divisor e sua biodiversidade foi parte imprescindível para formação na área florestal.
http://g1.globo.com/ac/acre/noticia/2015/07/mexe-com-o-psicologico-diz-servidor-que-ficou-retido-em-aldeia-no-acre.html
PIB:Acre
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