Reconhecida como uma das principais atividades econômicas em Roraima, a piscicultura vem despontando como segmento estratégico para o desenvolvimento do agronegócio no Estado. Primeiro projeto na área de piscicultura a ser implantado em comunidades indígenas no país, a criação de pólos de produção de tambaqui, na Comunidade do Guariba, localizada no Município de Amajari, ao Norte, promete mudar a vida de cerca de 400 indígenas que moram na localidade.
Após apresentar o Plano Safra da Pesca e Aquicultura 2015/2016 em Roraima, o ministro Hélder Barbalho visitou a comunidade na manhã de ontem, para acompanhar o lançamento do projeto. Ele destacou que a piscicultura em áreas indígenas do Estado deve ser enxergada como alternativa econômica para o desenvolvimento do setor. "Parece que isso está se consolidando. Estamos trabalhando para construir um ambiente adequado para que aqueles que produzem e acreditam no setor, possam ter um retorno esperado", afirmou.
Para o ministro, a diversidade de cultivos que está sendo realizada nas comunidades garante segurança alimentar para o consumo dos povos indígenas. "Além disso, enxergamos esses pólos como alternativa para que eles possam produzir para garantir renda, sem ter que se descolar das suas culturas e preservando os laços com suas terras para que o Estado possa fortalecer ainda mais e ampliar a sua produção", destacou.
Os investimentos somam R$ 1.447.130,80 e têm como objetivo a implantação de 12 pólos de produção nas comunidades do Guariba, Três Corações, Ouro, Araçá, Mangueira e Aningal. Responsável pela viabilização dos recursos para o projeto, o deputado federal Édio Lopes (PMDB) garantiu que após a implantação de todos os pólos, Roraima terá a maior área de criação de pescado em terras indígenas do Brasil.
"É um projeto que tem duas vertentes significativas. A primeira é o oferecimento do pescado para a comunidade para que cada indígena receba 19 quilos de peixe por ano, que é dobro da média nacional. A segunda é a questão econômica, onde os restantes da produção serão vendidos e irá gerar renda, que é tão necessária para o desenvolvimento das comunidades", explicou.
O tuxaua da comunidade do Guariba, Adelinaldo Rodrigues, disse que espera que a criação de tambaqui em cativeiro dentro da área indígena possa suprir a carência alimentar dos índios. "Precisamos ampliar ainda mais esse projeto, porque é muito importante para a comunidade. Além de garantir alimento para nós, futuramente irá gerar renda para fortalecer a economia da nossa comunidade", enfatizou.
Segundo o prefeito do Amajari, Moacir Mota, a produção do pescado também deve garantir merenda escolar para estudantes das escolas indígenas na região. "Na verdade, tanto serve como alimento como para comercialização. Com isso, iremos melhorar a alimentação das crianças e dos jovens, colocando o peixe no cardápio das escolas", ressaltou.
COMO FUNCIONA - Os projetos de piscicultura em comunidades indígenas consistem na escavação, preparação dos tanques, aquisição de alevinos de tambaqui, ração e insumos necessários à criação dos peixes até a despesca.
O coordenador do projeto dentro da comunidade, Aderaldo da Silva, comentou que atualmente mais de 20 produtores indígenas trabalham nos tanques de criação. "Começamos com um grupo de 30 e agora estamos com 22. A produção está muito boa, estamos com uma quantidade base de 300 quilos de peixe, com cada um pesando em média 2,5 quilos e sendo vendido a R$ 7,00 o quilo. Esperamos que melhore ainda mais e estamos buscando isso", frisou.
Técnicos especializados são responsáveis pela capacitação dos indígenas e assistência aos tanques onde são produzidos os peixes. Todos os projetos obedeceram aos critérios técnicos para receber as autorizações da Fundação Nacional do Índio (Funai) e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama), e as exigências da Organização Internacional do Trabalho que trata sobre a consulta aos povos indígenas.
Pólos vão produzir 54 toneladas de tambaqui em cativeiro por ano
A produtividade nos pólos já implantados, como o da Comunidade do Guariba e os que ainda estão em fase de implantação, terá os mesmos resultados. O aproveitamento em cada tanque de 3.000 m² é estimado em 1,8 mil peixes. Após o período de um ano, os tambaquis atingem uma média de 2,5 quilos, totalizando 4,5 toneladas por tanque.
Ou seja, nos 12 polos, o total produzido será de 54 toneladas de peixe em cativeiro. Se comercializados ao preço médio de R$ 6,50 irão gerar renda, por produção, de R$ 175, 5 mil. O custo para a continuidade do projeto por tanque é estimado em R$ 29 mil.
Para os tanques de 6.000 m², é utilizado o conceito chamado de superadensamento, onde são colocados 15 milheiros de peixes para o aproveitamento de 12 mil. A renda estimada para este tipo de tanque é de R$ 62,5 mil. Os custos estimados são de R$ 38 mil por mês.
CONSUMO - No pólo de produção da comunidade do Guariba, o consumo estimado é de 19,36 quilos de peixe por ano, para cada um dos 383 indígenas que ali residem. A Organização das Nações Unidas (ONU) recomenda que este consumo seja em torno de 12 quilos por ano. No Brasil, a média é de apenas 9 quilos.
Projeto beneficiará 600 piscicultores
Em visita a Roraima, o ministro da Pesca e Aquicultura, Helder Barbalho, apresentou o Plano Safra da Pesca e Aquicultura 2015/2016 a representantes da classe pesqueira, piscicultores, produtores roraimenses. O plano, que será lançado nacionalmente no dia 29 de junho, é uma linha de crédito que financia projetos para aumentar a produção e gerar renda em todo o Brasil.
Segundo ele, serão disponibilizados R$ 2 bilhões para todo o Brasil. Em Roraima, mais de seis mil pescadores e cerca de 600 piscicultores, devidamente licenciados e cadastrados no Registro Geral da Atividade Pesqueira (RGP) da Superintendência Federal da Pesca e Aquicultura em Roraima (SFPA-RR), poderão ser beneficiados com a ação.
Além das Superintendências da Pesca e Aquicultura, as unidades bancárias de fomento são essenciais para a captação de recursos. (L.G.C)
http://folhabv.com.br/noticia/Projeto-promete-mudar-a-vida-de-indigenas/7516
PIB:Roraima/Lavrado
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