Na próxima terça-feira (19), é celebrado no Brasil o Dia do Índio. Enquanto os olhos de todos se voltam para falar da sua história, cultura e importância para o País, surge um questionamento: a realidade indígena é realmente conhecida pela população? Na sexta-feira (15) a aldeia Caingangue Por Fig Ga, que fica na Estrada do Quilombo, no bairro Feitoria, em São Leopoldo, abriu suas portas para a comunidade e recebeu centenas de estudantes de toda a região.
Enquanto eles andavam e conheciam o local, as perguntas e opiniões apareciam para todas as idades. "Eu sabia que eles não moravam em ocas, que tinham casas, mas me assustei com a estrutura. É como se fosse qualquer outro lugar da cidade. Eu fiquei chocada que eles têm uma mesa de bilhar aqui", ressalta a estudante Kauany de Britto, 16. "Eu fico pensando até que ponto eles conseguem preservar a própria cultura e não assimilaram demais as questões do homem branco. Não esperava que fosse assim uma aldeia indígena", comenta Mirella Moraes, 15. Enquanto os estudantes de Ensino Médio se surpreenderam, os pequenos interrogavam a professora. "Eu achei que ia ter mato, que ia ter bichos. Mas cheguei aqui e tem carros e motos", conta Fernanda Diniz, 7. Já o colega dela foi além da imaginação. "Eu queria que eles estivessem caçando", diz Brian Vargas, 9 anos.
A professora Jaqueline Konrath, 32, da Escola Municipal Vereador Arnaldo Reinhardt de Novo Hamburgo explica que foi feito um trabalho com os alunos antes de chegarem ao local. "Trabalhei com eles essa questão, falei que as tribos ainda possuem a sua cultura, mas somaram o conhecimento do dia a dia para viver", diz. "Para eles é muito importante ter essa vivência, porque é um choque cultural e de realidade, que vai fazer eles quebrarem o preconceito e paradigmas no futuro", explica.
Preconceito ainda existe, diz o cacique da aldeia
A resposta para os questionamentos dos estudantes vem do próprio cacique da aldeia, José Vergueiro, 48. "Existe um pensamento de que o índio não pode deixar de ser como era quando o Brasil foi descoberto e isso não existe mais porque precisamos viver integrados na cultura do lado de fora dos nossos portões. Para nós é muito importante abrir as portas e receber estes alunos aqui, porque eles vão para as suas casas contando o que viram, como somos, e esse pensamento se perpetua", explica. Para ele, o grande problema ainda é o preconceito. "Hoje nós não somos vistos como parte integrante da cidade em que moramos. Isso se reflete em todo lugar. Para conquistarmos o direito de ter uma escola decente dentro da aldeia foi bastante complicado. Hoje está encaminhado, mas ainda não concretizado. A mesma coisa por atendimento de saúde. É preciso que o poder público olhe para a nossa aldeia como parte de São Leopoldo e nos dê a atenção que todos os moradores merecem", completa.
"É muito importante a gente preservar a nossa cultura e passar isso para os nossos filhos. O mundo mudou, a gente evoluiu, mas os mais jovens precisam conhecer de onde a gente vem", afirma o caingangue Ari Feliciano, 44, pai da pequena Ariane Feliciano, de seis meses.
Visitas na aldeia
Desde quinta-feira (14) a aldeia recebeu escolas e visitantes. De acordo com o cacique, cerca de mil pessoas passaram pelo local. Na sexta havia exposição de artesanato feito na tribo, apresentação de danças típicas e degustação de pratos típicos. Neste sábado (16) está prevista a reunião de mais de dez comunidades indígenas de todo o Estado na aldeia de São Leopoldo.
http://www.jornalvs.com.br/_conteudo/2016/04/noticias/313435-aldeia-indigena-aberta-para-a-comunidade-da-regiao.html
PIB:Sul
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