Lixo nas aldeias

O Progresso progresso.com.br - 05/07/2017
Além da invasão da cultura ocidental nas aldeias indígenas do mundo e também do Brasil, outro problema que preocupa é o destino dos resíduos sólidos que já começam a acumular em algumas tribos. Incomodados pela novidade insalubre, os indígenas estão pedindo socorro. Para encontrar soluções imediatas, algumas populações estão fazendo financiamento coletivo para tentar atrair fundos para conseguir lidar com o lixo, como é o caso do povo iauanauá. Latas e garrafas plásticas chegam à aldeia levadas por turistas ou por programas de governo, como a merenda escolar.

A Aldeia do Mutum, onde vivem os iauanauás está localizada no meio da Floresta Amazônica do Acre. Para chegar lá, saindo da capital Rio Branco, é preciso pegar cinco horas de estrada até Cruzeiro do Sul, para depois pegar mais três horas de estrada até a Vila de São Vicente, onde se pega uma voadeira e viaja pelo rio por mais oito horas até enfim chegar à Terra Indígena do Rio Gregório. A distância, entretanto, não impediu a chegada de um invasor incômodo: o lixo.

Na sociedade tradicional indígena, não existia lixo. O que as pessoas tiravam da floresta voltava para a floresta. Essa dinâmica mudou com o contato com o Estado brasileiro e com a chegada de turistas. Acontece que a situação está ficando cada vez mais grave, considerando que essa população indígena é muito aberta, em comparação as outras tribos, que muitas vezes são mais reservadas. Muitas vezes, eles trazem produtos e não se dão conta de que não há como descartá-los. O lixo também chega por intermédio do governo. A aldeia recebe do governo alimentos para merenda escolar. É muito comum essa merenda vir embalada em plástico ou em latas. E, por fim, há produtos usados pelos indígenas em suas atividades que chegaram à aldeia por comércio, por exemplo, lanternas. Eles também não têm onde descartar pilhas e baterias, que são tóxicas e podem contaminar o meio ambiente.

A iniciativa de fazer um financiamento coletivo para tentar resolver o problema partiu dos próprios índios. Nixiwaka Yawanawá, um dos líderes da aldeia, tem um perfil diferente dos caciques mais tradicionais. Ele já foi casado com uma antropóloga e morou em Londres, no Reino Unido. Lá, percebeu que seu povo estava lidando com os resíduos de forma pouco sustentável. Sem saber como resolver o problema, entrou em contato com ativistas ou pesquisadores.

Se o financiamento coletivo der certo, os recursos serão utilizados de diversas maneiras. A primeira é na capacitação da população da aldeia. A ideia é treinar a população local sobre como reduzir e reutilizar o material antes de se tornar lixo. Depois, o projeto prevê a construção de uma estrutura temporária para armazenar os resíduos na terra indígena e, por fim, comprar um barco que possa fazer o transporte do lixo para a Vila de São Vicente.

O enfrentamento ao problema do lixo também vem preocupando as aldeias de Dourados que, depois de alguns anos de espera por uma ação do serviço público, passarão a ser atendidas pela Prefeitura Municipal, através do Instituto de Meio Ambiente de Dourados. No último final de semana, foram entregues 15 contêineres da coleta de lixo domiciliar que atenderão as aldeias Bororó, Jaguapiru e Panambizinho. Durante a solenidade, realizada na Escola Araporã e que deu início ao projeto, foi ressaltada a importância da coleta de lixo para a saúde pública. Na oportunidade, a prefeita pediu que as crianças ajudem na fiscalização e sejam também portadores do hábito de manter a cidade limpa. Espalhados em pontos estratégicos das aldeias, os contêineres serão disponibilizados para a população indígena depositar o lixo domiciliar em substituição à queima ou ao aterramento. Papéis, garrafas e lixo orgânico poderão ser colocados nos recipientes e, toda semana, o caminhão da Prefeitura de Dourados fará o recolhimento do lixo.



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PIB:Mato Grosso do Sul

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