El País brasil.elpais.com - 24/11/2017
Em 30 de abril de 2017, o município de Viana, no Maranhão, presenciava o ápice de um conflito que já se desenhava havia anos. Uma batalha campal colocava de lados opostos indígenas da etnia Gamella, que buscam a demarcação dos territórios de seus ancestrais, e agricultores não indígenas, que afirmam serem eles os verdadeiros detentores das terras reivindicadas pelos índios. O enfrentamento deixou dezenas de feridos, vários deles com marcas de bala rasgadas pelo corpo. Dois indígenas tiveram as mãos quase arrancadas a golpes de facão, em uma cena de barbárie que atraiu as atenções de todo o mundo.
A luta dos gamella se iniciou em 2015, quando eles começaram a realizar na região uma série de retomadas, expressão usada pelos indígenas para definir a ocupação de um território ancestral retirado de seus parentes no passado. A ação consiste em entrar na terra reivindicada e nela permanecer para pressionar o poder público pela demarcação do território. Foi em uma dessas retomadas que o ataque aconteceu, em abril. Apesar de as retomadas terem se tornado comuns em diversas partes do país, no caso dos gamella há um componente ainda mais complicado: a etnia só passou a existir oficialmente recentemente, após se autodeclarar indígena. Eles contam que, ao longo de décadas, se declarar índio na região poderia representar um atestado de morte. Em meio à resistência da população local em identificá-los como índios, o grupo tenta autoafirmar sua identidade, enquanto busca demarcar áreas que, no passado, pertenciam a seus ancestrais.
Esta videorreportagem foi feita em colaboração com a Agência Pavio, uma iniciativa de documentação audiovisual formada por jornalistas e realizadores independentes, que noticia violações de direitos humanos, conflitos urbanos e rurais.
https://brasil.elpais.com/brasil/2017/11/20/videos/1511202825_968596.html
PIB:Goiás/Maranhão/Tocantins
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