Conheça a história da terra Indígena Ibirama-La Klãnõ

Farol Blumenau https://farolblumenau.com/ - 07/07/2018
Blumenau surgiu no ano de 1850 e tinha um grande território que abrange, hoje, diversos municípios do Vale do Itajaí. Em meio a colonização de europeus, antigos habitantes foram cada vez sendo mais reprimidos em seu território: os indígenas.

Lutando por sua terra e seu estilo de vida tradicional, os índios das tribos xoclengues entraram em confronto contra os colonos que exploravam o novo mundo. Bugreiros, tais como Martin Bugreiro, matavam dezenas de indígenas para os afugentar cada vez mais para áreas pouco produtivas e longínquas.

Em meio a pressão internacional e para por fim a matança em todo o Brasil, o Governo Federal instituiu em 1910 o Serviço de Proteção ao Índio, que, posteriormente, foi substituído pela Fundação Nacional do Índio (Funai)

O jovem Eduardo de Lima e Silva Hoerhann foi enviado ao território para contactar e pacificar o xoclengues, reclusos no Distrito de Hamônia, atualmente Ibirama, no município de Blumenau, hoje em meio aos territórios de Doutor Pedrinho, Itaiópolis, José Boiteux, Rio Negrinho e Vitor Meireles.

Hoerhann promoveu em 22 de setembro de 1914 o primeiro contato pacífico com os índios, também por vontade dos mesmos. Lá fundou o Posto Plate e o oficializou como Posto Indígena Duque de Caxias, que em 1926 tornou-se a terra indígena Ibirama-La-Klãnõ, criada pelo então governador de Santa Catarina, Adolfo Konder.

Apesar de um grupo inicial de 400 indígenas terem sido contactados, muitos não aceitavam o aldeamento e os conflitos eram frequentes. Apesar de polêmicas em sua atuação, Hoerhann e seus funcionários protegiam os indígenas e mediavam os conflitos para impedir a atuação dos bugreiros.

Com a implantação da política nacional, a reserva indígena foi demarcada e recebeu alguns serviços públicos, como uma escola. Os filhos dos indígenas estudavam com os filhos dos funcionários do posto e a integração a sociedade nacional foi sendo efetivada ao passar das gerações.

Apesar do contato ter garantido a sobrevivência dos xoclengues, que hoje são duas mil pessoas, a integração trouxe danos irreversíveis a cultura e ao seu estilo de vida tradicional, como ocorre com outras tribos que são contactadas.

Entre os Xokleng há a presença também dos Kaingang, provenientes do Paraná. Nos anos 50, várias famílias de Guaranis também vieram para a região, porém não se misturaram nem culturalmente, nem socialmente. Cafusos remanescentes da Guerra do Contestado também chegaram na década de 40. A terra foi declarada de posse permanente dos grupos indígenas pela portaria no 1.128, de 13 de agosto de 2003, do Ministério da Justiça, aumentando a área para 37 mil hectares.

Atualmente

Em meio as muitas polêmicas envolvendo a integração dos xoclengues, a Barragem Norte, construída na década de 70 com a finalidade de represar as águas do Rio Hercílio e assim evitar enchentes. Por inundar cerca de 900 hectares de terras, acabou afetando as principais áreas agrícolas e inundou residências.

Os indígenas habitam hoje as áreas mais altas que não são produtivas, afetando ainda mais sua subsistência. O represamento impede também a travessia de um lado ao outro do Rio Hercílio, exigindo uma volta de vários quilômetros para a travessia.

Essas e outras polêmicas levam a comunidade a realizar protestos, especialmente quando a barragem é fechada. Eles exigem a construção de uma ponte, casas e estradas prometidas como compensação pela obra.



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