Mais uma vez, Pará lidera o ranking de desmatamento na Amazônia

Folha do Progresso - http://www.folhadoprogresso.com.br - 16/06/2020
Mais uma vez, o Pará lidera o ranking dos estados responsáveis pela maior parte dos clarões na floresta Amazônica em maio. 40% do desmatamento foi registrado em território paraense. A lista segue com Amazonas (25%), Mato Grosso (19%), Rondônia (10%), Acre (4%) e Roraima (2%). Entre os municípios que mais desmataram a Amazônia, Altamira, no sudeste do Pará, dispara no topo da lista com 97 km². Altamira é o município com maior extensão no Pará, com 159 695,938 km². Outros municípios como São Félix do Xingu (PA), Lábrea (AM), Apuí (AM), Novo Progresso (PA) e Porto Velho (RO) também aparecem no ranking.

Ainda de acordo com os dados do Sistema de Alerta de Desmatamento do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), divulgado nesta terça-feira (16), no período acumulado do calendário do desmatamento, que vai de agosto do ano passado a maio deste ano, a destruição da floresta segue em alta. O desmatamento acumulado nos últimos dez meses é de 4.567 km² - aumento de 54% em relação ao período anterior.

O boletim aponta que em maio deste ano, a Amazônia perdeu 649 km² de floresta - redução de 19% em relação a maio de 2019. Mesmo assim, esse foi a segunda maior taxa de desmatamento registrada no mês nos últimos dez anos. Em 2019, os satélites registraram um dos índices mais altos de desmatamento em maio de toda a série histórica do monitoramento do Imazon. Portanto, apesar da redução, a derrubada da floresta ainda é preocupante.

Desmatamento e covid-19

O estudo do Imazon apontou também que o avanço do desmatamento ilegal continua trazendo riscos para as Terras Indígenas, principalmente por conta do perigo de contágio do novo coronavírus, que ocasiona a doença covid-19, em aldeias. "É preciso gente para desmatar, há muita invasão de Unidades de Conservação e Terras Indígenas, e essas pessoas podem levar a covid-19 para esses territórios, colocando em risco as populações tradicionais", alerta o pesquisador do Imazon Carlos Souza Jr. De acordo com o SAD, a Terra Indígena mais desmatada em maio foi a TI Kayapó, no Pará.

No início de junho deste ano, o Ministério Público Federal (MPF) alertou que problemas nas obras da BR-163 colocam em risco o isolamento do povo Kayapó. No documento, o MPF alerta que "as famílias precisam interromper o isolamento social nas aldeias e ir para as cidades em busca de direitos não atendidos e meios de subsistência". Ficando, assim, mais vulneráveis para a covid-19.

Anteriormente, o MPF e o Ministério Público do Estado do Pará (MPPA) haviam enviado recomendação às autoridades de saúde indígena, para que fossem garantidas ações de enfrentamento da pandemia do novo coronavírus na comunidade Kayapó. De acordo com monitoramento Instituto Socioambiental, já foram registrados pelo menos 105 casos confirmados e três óbitos por covid-19 na Terra Indígena Kayapó.

Sistema

O Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) é uma ferramenta de monitoramento, baseada em imagens de satélites, desenvolvida pelo Imazon para reportar mensalmente o ritmo do desmatamento e da degradação florestal da Amazônia. O sistema operando desde 2008. Atualmente o SAD utiliza os satélites Landsat 7 (sensor ETM+), Landsat 8 (OLI), Sentinel 1A e 1B, e Sentinel 2A e 2b (MSI) com os quais é possível detectar desmatamentos a partir de 1 hectare mesmo sob condição de nuvens.

Imazon

O Imazon é um instituto brasileira de pesquisa, sem fins lucrativos, composto por pesquisadores brasileiros, fundado em Belém há 30 anos. Através do sofisticado SAD, a organização realiza, há mais de uma década, o trabalho de monitoramento e divulgação de dados sobre o desmatamento e degradação da Amazônia Legal. E fornece todos os meses alertas independentes e transparentes, para orientar mudanças de comportamento que resultem em reduções significativas da destruição das florestas em prol de um desenvolvimento sustentável.

Por:Cleide Magalhães

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