Galpão usado pelo povo Wai Wai para guardar castanhas ganha pintura inspirada na colheita do fruto
Indígenas que trabalham com o extrativismo da castanha-do-pará de forma sustentável nas Terras Indígenas Wai Wai e Trombetas Mapuera. Série de reportagem "Povos Wai Wai - a cultura da castanha" mostra como povo Wai Wai mantém cultura e preserva o meio ambiente.
Por Robson Moreira, Rede Amazônica - Boa Vista
24/05/2022
Inspirado na colheita da castanha-do-pará, principal fonte de renda de indígenas Wai Wai no interior de Roraima, o artista Raiz Campos deu cor ao galpão que a comunidade usa para guardar o fruto após colhê-lo na floresta. O espaço fica às margens do Rio Jatapu, na Terra Indígena Trombetas Mapuera, em Caroebe, região Sul de Roraima.
Após ser finalizada, a pintura formou um imenso mural dentro do galpão. O desenho foi inspirado em uma foto do fotógrafo Rogério Assis, colaborador do Instituto Socioambiental (ISA), organização que apoia o trabalho dos Wai Wai no extrativismo da castanha-do-pará na região.
Esta reportagem integra a série "Povos Wai Wai - a cultura da castanha", produzida pela Rede Amazônica.
Por fora, grafismos da cultura indígena deram cor e vida à estrutura erguida às margens do rio. O espaço, serve de apoio para 10 comunidades da região guardarem os frutos da colheita.
"Estou muito feliz de estar fazendo esse trabalho junto aos Wai Wai, todas as comunidades nos recebem muito bem. E eu, por ter sido criado na floresta amazônica, acabo me sentindo bem, uma questão familiar mesmo com a floresta. A gente tem o hábito de comer a mesma farinha, os peixes, fazer o cozidão".
"Estou me sentindo bem em casa com eles, são pessoas educadas, muito espirituais, estão sempre fazendo oração para pintar, para comer. E isso tem muito a ver com que busco no trabalho. Por mim, me aposentadoria da cidade e trabalharia só na floresta, com povos indígenas", disse Raiz Campos.
O galpão está sob os cuidados do líder indígena Jaime Costa Wai Wai, que mora ao lado. Ele viu a cultura da castanha atravessar gerações na Terra Wai Wai e, hoje, também faz da extração do fruto a principal fonte de renda.
"Gostei bastante e agradeço por esse trabalho, que é para fortalecer meu povo Wai Wai, pois representa nossa etnia", disse o líder indígena.
Para fazer o grafite no galpão, o artista usou 60 latas de spray e duas de tinta. Dos nove espaços ativos na reserva para guardar as castanhas, três vão receber as pinturas inspiradas no povo Wai Wai.
Castanha e os Wai Wai
No meio da floresta Amazônica, imponentes castanheiras dão frutos que sustentam dezenas de famílias do povo Wai Wai. São indígenas que trabalham com o extrativismo da castanha-do-pará de forma sustentável nas Terras Indígenas Wai Wai e Trombetas Mapuera, localizadas em São João da Baliza, região Sul de Roraima, distante cerca de 350 Km da capital Boa Vista.
O trabalho da colheita dos ouriços de castanha, uma espécie de cápsula onde ficam as sementes, é feito por homens, mulheres e até crianças. Na comunidade Xaary, famílias inteiras encaram cerca de uma hora de caminhada na mata até chegar aos pés das castanheiras. A castanha também é chamada de castanha do Brasil e castanha da Amazônia.
Em Xaary, são 140 indígenas que trabalham com a colheita. Na comunidade Anauá, mesma região, a extração envolve 318 pessoas. Já na Terra Indígena Trombetas Mapuera são aproximadamente 110 famílias. O trabalho da venda tem o apoio do ISA, que atua buscando os melhores mercados para os indígenas e valorização da cultura deles.
https://g1.globo.com/rr/roraima/noticia/2022/05/24/galpao-usado-pelo-povo-wai-wai-para-guardar-castanhas-ganha-pintura-inspirada-na-colheita-do-fruto.ghtml
PIB:Roraima/Lavrado
Related Protected Areas:
- TI WaiWái
As notícias publicadas neste site são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.