Empresário investigado pela PF por garimpo na Terra Yanomami lidera ato pró-Bolsonaro em Roraima

G1: https://g1.globo.com/ - 07/09/2022
Ato começou após o desfile cívico-militar de 7 de setembro e acontece na praça do Centro Cívico, em Boa Vista. Empresário, que é candidato a deputado federal pelo PL, o partido do presidente Bolsonaro, foi indiciado por suspeita de crime ambiental.

O empresário e candidato a deputado federal Rodrigo Martins de Mello, conhecido como Rodrigo Cataratas, de 46 anos, investigado pela Polícia Federal por suspeita de dar apoio à exploração ilegal de minérios na Terra Indígena Yanomami, lidera um ato em apoio ao presidente Jair Bolsonaro, nesta quarta-feira (7), Dia da Independência do Brasil. O ato ocorre na praça do Centro Cívico, em Boa Vista.

O ato de Rodrigo Cataratas tem o apoio de empresários do ramo do agronegócio e membros do chamado "Movimento Garimpo é Legal", do qual ele é coordenador. Ao divulgar o evento nas redes sociais, ele enfatizou o apoio a Bolsonaro.

Nesta quarta, Cataratas saiu em carreata da Praça Germano Augusto Sampaio rumo ao centro cívico, onde disse que "vai lutar pelo presidente do Brasil, Jair Mecias Bolsonaro". Ele foi acompanhado por dezenas de motociclistas pelas ruas da cidade.

Dono de uma empresa de aviação, Cataratas expôs um de seus helicópteros no Centro Cívico. A aeronave, pintada com as cores do Brasil, estava sem a hélice e foi usada como ponto para fotos dos apoiadores.

Em nota, Cataratas disse ao g1 que "ajudou na organização", mas "agronegócio sempre é o organizador oficial", e acrescentou que "quanto a investigação digo apenas que não existe nenhuma ação penal contra minha pessoa".

Além do helicóptero, caminhões agrícolas, guindastes hasteando bandeiras do país e caminhões betoneiras também foram expostos no Centro Cívico. Vestidos de verde e amarelo, com camisetas do Brasil e estampas com o rosto do presidente, apoiadores também fizeram um churrasco no ato.

Cataratas, que é candidato a deputado federal pelo PL, o partido do presidente Bolsonaro, foi indiciado pela Polícia Federal por suspeita de crime ambiental, crime contra a ordem econômica e posse e comercialização ilegal de munição de arma de fogo.

Cataratas declarou R$ 33.576.679,21 em bens ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Entre os bens, R$ R$ 4,5 milhões em espécie - dinheiro vivo, que não está em banco, o chamado "dinheiro no colchão". Além de 10 aeronaves e participação em 90% na empresa Cataratas Poços artesianos - de onde vem o nome que ele usa na política.

Investigado pela PF
Rodrigo Cataratas é investigado pela Polícia Federal por suspeita de dar apoio à exploração ilegal de minérios, principalmente ouro e cassiterita, na Terra Indígena Yanomami. Ele é atualmente um um dos maiores defensores do garimpo no estado e lidera um movimento pró-garimpo em Roraima. Ele nega as acusações da PF e diz estar sendo alvo de perseguição.

Rodrigo Cataratas, segundo a PF, comanda uma organização criminosa investigada por extração e comercialização de minérios, além de ocultação dos lucros obtidos com a venda do material. A investigação indica que os suspeitos enviam dinheiro para o exterior com uso de falsa identidade ou por meio de operação de câmbio não autorizada.

Em dois anos, as empresas Cataratas Poços Artesianos e Tarp Táxi Aéreo, ambas de Rodrigo Mello, movimentaram cerca de R$ 200 milhões com atividades ilegais resultantes de exploração da Terra Yanomami.

Em agosto, ele foi indiciado por suspeita de crime ambiental, crime contra a ordem econômica e posse e comercialização ilegal de munição de arma de fogo.

Em depoimento à PF, Cataratas, negou o envolvimento com o garimpo ilegal e confirmou que as alterações nas aeronaves eram para o transporte de carga. O empresário também informou que o procedimento foi realizado dentro da legalidade e que no local funcionavam outras empresas arrendadas por terceiros.

Também em agosto ele desfilou pelas ruas de Boa Vista com um helicóptero, que estava interditado. Depois, a aeronave foi recolhida para a Polícia Federal.

Ele também é suspeito de mandar incendiar um helicóptero do Ibama - houve a tentativa, mas a aeronave não foi queimada (assista no vídeo abaixo).

A suspeita da PF é que o atentado seria uma represália à Operação Yanomami, que apreendeu seis helicópteros de Cataratas e prendeu duas pessoas ligadas à empresa dele.

https://g1.globo.com/rr/roraima/noticia/2022/09/07/empresario-investigado-pela-pf-por-garimpo-na-terra-yanomami-lidera-ato-pro-bolsonaro-em-roraima.ghtml
Garimpo:Amazônia

Related Protected Areas:

  • TI Yanomami
  •  

    As notícias publicadas neste site são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.