Kayapós tiveram 12,46% da área devastada pelo fogo este ano

O Globo - https://oglobo.globo.com/ - 17/09/2024
Kayapós tiveram 12,46% da área devastada pelo fogo este ano
Um em cada quatro focos de calor em terras indígenas na Amazônia ocorre em área Kayapó

Luciana Casemiro

17/09/2024

Um em cada quatro focos de calor em Terras Indígenas na Amazônia está localizado na área Kayapó. Segundo levantamento feito pelo Greenpeace Brasil, com base nos dados do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa), os kaypós tiveram 12,46% do território consumido pelo fogo entre janeiro e setembro deste ano. Ao todo, as queimadas consumiram 409.275 hectares. Segundo Jorge Dantas, porta-voz do Greenpeace Brasil, os relatos indicam que boa parte dos incêndios tem, possivelmente, origem criminosa. Ele pede uma ação imediata do governo federal, com mobilização de combate aéreo dos focos de incêndio, uso de tecnologia e punição mais severa aos envolvidos.

- O que nós vimos sobrevoando a região do Alto Xingu foi uma situação terrível e dramática - muitos incêndios, muita fumaça, muitas áreas devastadas, aldeias vivendo com lavouras destruídas, fogo muito próximo de áreas habitadas. É preciso deixar claro que a situação por ali é muito complicada. De todas as terras indígenas do Brasil, a Terra Indígena Kayapó é a que mais queimou durante todo o ano de 2024, com mais de 2,8 mil focos de calor de janeiro até agora. Os relatos que ouvimos dão conta de que boa parte dos incêndios que tem acontecido ali são criminosos, causados por garimpeiros que querem continuar cometendo ilegalidades dentro do território. O Prevfogo nem estava acessando a área por questões de segurança - diz o porta-voz do Greenpeace.

Na avaliação de Dantas, o poder público precisa urgentemente rever suas ferramentas e estratégias de combate ao fogo e incêndios florestais

- Claramente, as práticas que temos agora são insuficientes para dar conta da complexidade e gravidade do problema que estamos enfrentando. O estabelecimento de uma frota aérea de combate a incêndios, por exemplo, pode ser algo que aumente e dê mais eficiência ao combate aos incêndios. Precisamos de aeronaves preparadas para combater o fogo, que possam fazer esse trabalho com rapidez e eficiência. Igualmente, é preciso punir com mais rigor os responsáveis por essas queimadas. Não podemos viver num estado de terrorismo climático e deixar que a impunidade seja um componente desse cenário.

O Governo do Estado do Mato Grosso declarou situação de emergência por 180 dias na região em 30 de agosto. O boletim de secas do Cemaden para o mês de setembro indica agravamento em 73 municípios do estado, incluindo a região onde estão localizadas as Terras Indígenas Capoto Jarina e o Parque do Xingu.

Em sobrevoos na Terra Indígena Kayapó, no Mato Grosso, realizados quarta e quinta-feira da semana passada, o Greenpeace Brasil flagrou novas queimadas e muita fumaça no local. A Aldeia Metuktire, à beira do Rio Xingu, onde vive o cacique Raoni, estava cercada por fumaça, indicando que o fogo está ativo nas proximidades.

Líderes indígenas locais relataram à organização que foram registrados 15.922 focos de calor na TI Kayapó, apenas em setembro, e o mês ainda nem acabou. Segundo o Greenpeace, o número representa 22% do total de focos registrados em todo o Brasil.

Na Terra Indígena Capoto-Jarina - onde, em agosto, um brigadista do Ibama que estava combatendo o fogo foi encontrado morto- uma área de 82.100 hectares foi queimada de janeiro a setembro. A escalada do fogo na região fica claro quando se verifica que, de 2023 a 11 de setembro deste ano, a região contabilizou 2.602, desse total 295 apenas este mês.

https://oglobo.globo.com/blogs/miriam-leitao/post/2024/09/kayapos-tiveram-1246percent-da-area-devastada-pelo-fogo-este-ano.ghtml
PIB:Sudeste do Pará

Related Protected Areas:

  • TI Capoto/Jarina
  • TI Kayapó
  • TI Xingu
  •  

    As notícias publicadas neste site são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.