PF faz operação contra servidores que recebiam 'mesada' para facilitar garimpo ilegal no Pará

Valor Econômico - https://valor.globo.com/ - 28/11/2024
PF faz operação contra servidores que recebiam 'mesada' para facilitar garimpo ilegal no Pará
Estão sendo cumpridos 21 mandados de busca nas cidades Santarém, Itaituba, Altamira, Rio de Janeiro e Goiânia; quatro pessoas foram presas

28/11/2024

A Polícia Federal (PF) deflagrou, na manhã desta quinta-feira (28), uma operação que mirou servidores públicos que recebiam "mesadas" de empresários para facilitar o garimpo ilegal na região do Tapajós, oeste do Pará.

Quatro pessoas foram presas. Ao todo, estão sendo cumpridos 21 mandados de busca nas cidades Santarém, Itaituba, Altamira, Rio de Janeiro e Goiânia.

A investigação apontou que os servidores públicos investigados receberam, durante meses, pagamentos de empresas e outras pessoas investigadas pela comercialização de ouro de terras indígenas e de área de reserva legal.

O dinheiro, segundo a PF, seria para que eles facilitassem ou não reprimissem os crimes ambientais cometidos pelas companhias, além de atuarem na logística e segurança do ouro ilegal.

Um dos investigados teria recebido R$ 4 mil por mês para não embaraçar o negócio ilegal; outros dividiam R$ 10 mil mensais, com a função de estar à disposição das empresas, inclusive em horários de expediente e usando carro e outros materiais de trabalho institucionais.

Um dos empresários que foi alvo da operação já havia sido condenado três vezes por tráfico de drogas, além de ter condenações por receptação, tentativa de homicídio, uso de documento falso e associação para o tráfico.

Há fortes indícios de que o ouro comercializado pela organização criminosa provém de garimpos localizados no interior e região de entorno da Terra Indígena Munduruku. Essa é uma das terras indígenas mais devastadas pelo crime e que está, no momento, em processo de desintrusão
A operação foi batizada de "Cobiça". Os crimes investigados são de lavagem de dinheiro, usurpação de bens da União e organização criminosa.

A investigação surgiu a partir da operação Ganância, deflagrada em 2022, que investigou desvio de recursos públicos federais na prestação de serviços de UTI aérea em Rondônia.

As empresas envolvidas no esquema teriam causado dano ambiental em área de 212 hectares, extraindo quantidade de minérios superior à permitida pela Agência Nacional de Mineração (ANM). Entre 2020 e 2021, o grupo econômico teve um rendimento estimado superior a R$ 1 bilhão.

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Mineração em Terras Indígenas

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