La Niña fraca no Alto Solimões

Amazônia Real - https://amazoniareal.com.br - 13/01/2025
Tabatinga (AM) - Há cinco anos, a piracema deixou de acontecer no igarapé Mariwatchu. O ciclo de reprodução dos peixes, que antes movimentava as águas e alimentava a comunidade da Terra Indígena (TI) Tukuna Umariaçu, do povo Tikuna, foi interrompido pela seca que transformou o curso d'água em uma paisagem árida. Onde antes havia peixes pulando e crianças brincando na beira do rio, o que se viu nos últimos meses foram apenas areia e troncos expostos ao Sol. O silêncio do igarapé seco revela o desespero de quem depende dele para viver.

"Sabíamos o período que a piracema chegava e agora não tem. Primeiro chegavam os miúdos e depois os graúdos, e a gente já sabia a hora de chegada do peixe", afirma o agricultor e pescador pertencente ao povo Tikuna, Ezequiel Pereira da Conceição, de 59 anos.

Para o 1o cacique da aldeia Umariaçu, Ezequiel Pinto Araújo, de 50 anos, a mudança não é apenas uma questão ambiental, mas um golpe na alma do povo. "É uma tristeza para mim ver o igarapé assim porque fico pensando que não sei o que que está acontecendo aqui na nossa comunidade." A escassez do pescado significa fome, a falta de água ameaça a saúde e a terra seca afasta a esperança de tempos melhores.

A ausência da piracema é apenas um dos muitos sinais de alerta em um território ameaçado pelo avanço do desmatamento e pelas mudanças climáticas. Os moradores tentam resistir, cultivando o pouco que a terra ainda oferece e buscando alternativas para sobreviver, mas a luta é desigual.

Neste início de ano de incertezas climáticas, a agência Amazônia Real partiu para Tabatinga, cidade localizada na tríplice fronteira do Brasil, Colômbia e Peru. Ela fica à margem do rio Solimões, que nasce no Peru, onde tem o nome de Marañón. As águas do manancial alimentam vários afluentes brasileiros como o Javari, Purus, Iça e Japurá, percorrer 1.700 quilômetros até Manaus, se encontrar com o rio Negro, e a partir da capital amazonense se chamar rio Amazonas. É nessa imensidão do Alto Solimões que se vê um cenário nunca visto nos últimos dois anos. As águas do igarapé da TI Tukuna Umariaçu subiram tímidas e lentamente.

No pico da seca, nos meses de setembro e outubro, Ezequiel Pereira saía às 5 horas da aldeia para pescar. Precisava caminhar por três horas em um areal que tomou conta da paisagem. Tudo para atravessar a fronteira com o Peru, em busca de lagos piscosos. Era a única alternativa já que o rio em Tabatinga desapareceu completamente. O retorno à aldeia se dava, com sorte, por volta das 15 horas. "A enchente sempre vem do Peru, ela baixa para cá. Agora está descendo devagar e enchendo um pouquinho, não é como antigamente", disse. "Não era assim, não, a praia não aparecia muito assim."

A TI Tukuna Umariaçu, homologada em 14 de dezembro de 1998 com 5 mil hectares, abriga 7.901 indígenas Tikuna, autodenominados Magüta (o povo da pesca). Para este povo, a água não é apenas um recurso básico para a sobrevivência, mas parte fundamental de sua origem: segundo sua cosmologia, os Tikuna eram peixes que se transformaram em seres humanos após serem pescados por Yoi. A profunda ligação com as águas torna ainda mais dramática a atual escassez de pescado na região do Alto Solimões.

Um peixe não tão frequente de se comer quanto outras espécies e menos valorizado no mercado agora entrou para o cardápio dos Tikuna. O bacu, chamado pelos indígenas de ubacu (Pterodoras granulosus), é uma espécie que resiste mais em cenários de secas extremas, assim como o bodó. "A gente come isso [ubacu fihote] só porque não tem mais peixe", confidencia o cacique.

Entre 9 e 10 de janeiro, a reportagem visitou a residência do cacique Ezequiel e presenciou a família sentar no chão com ripas de madeira e fazer as refeições, como é o costume indígena. Farinha e peixe são a base alimentar. Mas, nesta época de escassez do alimento, foi servido um bodó, três bacus e um espeto feito com o bucho de peixe para sete pessoas adultas da família.

Umas das queixas ouvidas é da necessidade de ter que comprar peixe porque os indígenas não conseguem encontrar o suficiente no igarapé e na parte do rio Amazonas próximo à terra indígena. Isso tem obrigado os Tikuna trabalharem mais na roça para vender farinha, frutas e conseguir dinheiro para comprar peixe, a base alimentar deles.

Durante a seca de 2024, o cacique Ezequiel conta que precisou pescar nas comunidades Tikuna vizinhas, a pelo menos 5 quilômetros de distância, já que não se encontrava mais alimento ao redor de seu território. "Tem que trabalhar muito agora, todo mundo está trabalhando fazendo roça assim aqui na nossa área, plantando macaxeira para torrar farinha e depois vender, só assim que a gente vai ter mais dinheiro e condição para comprar algum peixe, algo para a família", explica a liderança.

O cacique Ezequiel afirma que na sua casa eles consomem cerca de 30 peixes por dia (do café da manhã ao jantar), mas que na seca o número caiu para 15. Algumas vezes, esse número caía ainda mais, chegando a dois peixes pequenos por pessoa. E houve dias em que só era possível comer uma vez a proteína, e nas demais refeições tomar café puro e mingau de banana colhida na roça.

A água, que normalmente não é opaca e sem vida, em 9 de janeiro (quando a agência visitou a região do Alto Solimões) ainda era imprópria para o consumo e a execução das atividades na aldeia. Com muito sedimento suspenso, ela carrega uma aparência insalubre e não parece boa nem mesmo para banho. Mas foi possível ver os indígenas lavando utensílios nela.

A aldeia possui um poço artesiano que deveria funcionar a maior parte do tempo, mas passou a seca de 2024 inteira com problemas. A qualidade da água, segundo relatado pelos indígenas, também ficou insalubre na seca e eles precisaram coletar água da chuva para beber. Quando o poço funciona, a água chega somente uma vez por dia.

La Niña enfraquecida

Após duas secas recordes na bacia dos rios amazônicas, em 2023 e 2024, a esperança de pesquisadores e ribeirinhos era pela chegada da La Niña, fenômeno climático de resfriamento das águas do Pacífico, que usualmente traz a normalidade dos níveis dos rios. No entanto, as previsões científicas indicam que a La Niña se estenderá apenas até abril e com intensidade relativamente fraca, frustrando as expectativas de uma estação chuvosa forte na Amazônia.

Paulo Artaxo, cientista membro do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, destaca que as secas de 2023 e 2024 seguem impactando no ano de 2025, embora de maneira menos significativa. "Observamos que a entrada de uma La Niña, que frequentemente acompanha o El Niño basicamente, se atrasou significativamente e a previsão da NOOA [siga em inglês para Administração Nacional Oceânica e Atmosférica] é que pode vir a ser uma La Niña relativamente fraca. Basicamente, a gente pode esperar que devemos não ter uma estação chuvosa muito forte sobre a Amazônia", explica o pesquisador à Amazônia Real.

O fato da chegada da La Niña não ser o esperado, mostra, segundo Artaxo, a imprevisibilidade que as mudanças climáticas estão trazendo à região. "Todas as previsões e a maneira com que a gente entendia o clima da Amazônia certamente se modificou, o clima mudou e faz com que previsões de curto, médio e longo prazo se tornem ainda mais difíceis", afirma.

Com a perda de floresta gerada pelo desmatamento e pelas queimadas intensas, o cientista prevê que indígenas e ribeirinhos, principalmente os isolados, sejam ainda mais afetados. "Podemos esperar um decréscimo importante da precipitação [de chuva], uma perda de carbono significativa da vegetação para a atmosfera, e a única maneira de diminuir esses impactos é reduzir rapidamente, drasticamente, a queima de combustíveis fósseis globais, além de zerar o desmatamento da Amazônia até 2030 como é o compromisso do governo brasileiro", explica.

Segundo o boletim de Monitoramento do Serviço Geológico do Brasil, órgão do Ministério de Minas e Energia, o nível rio Solimões, em Tabatinga, desceu para -2,54 metros durante a seca de 2024, reconhecida como a maior em toda a história da pesquisa hidrológica na Amazônia. Mesmo com a chegada das chuvas, a situação ainda não voltou à normalidade. Na semana passada, o Solimões chegou a 6,98 metros, já considerado de cheia. O maior nível do rio foi registrado com a cota de 13,82 metros, na enchente de 1999.

Com relação a hidrologia, "o rio Solimões continua registrando elevações [de chuvas], mas com menor intensidade na região a montante, subindo uma média diária de 7 centímetros em Tabatinga e 10 centímetros em Fonte Boa", diz o boletim do serviço divulgado no dia 7 de janeiro de 2025.

O meteorologista Willy Hagi Teles Rego, mestre em clima e ambiente pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), afirmou que a região ainda está vivendo as consequências da seca de 2024, mesmo com os dois últimos meses chuvosos. Ele disse que choveu significativamente em dezembro no Alto Solimões, mas o volume de chuva não tem relação com a La Niña, e sim com alguns episódios da Zona de Convergência do Atlântico Sul que explicam melhor esse volume de precipitação nessas regiões.

"Até aqui, o período chuvoso parece melhor em comparação aos últimos dois anos, mesmo sem grande influência da La Niña. Mesmo assim, creio que é bem provável que o volume de chuvas ao final não vai ser o suficiente para recuperar plenamente a umidade do solo e os níveis dos rios", disse.

Segundo o meteorologista, os níveis dos rios da região estão subindo com o andamento do período chuvoso, como é esperado, mas essa subida ainda está longe de ser o suficiente para uma recuperação plena dos rios, por conta da severidade da seca histórica na Amazônia dos últimos anos.

"Caso o volume de chuvas ao final não seja o suficiente, eu não descartaria as chances de uma nova grande seca a partir do segundo semestre. O cenário ainda é muito incerto no momento, mas já temos indicativo de possibilidades de um El Niño entre 2025-2026", alerta Rego.

No Amazonas, 358.131 mil famílias (ou 1.463.480 pessoas) foram impactadas pelas secas de 2023 e 2024. Nos dois anos, o governo amazonense decretou estado de emergência em todos os 62 municípios. A seca ou vazante, assim como as enchentes ou cheias, dos rios na bacia amazônica são fenômenos hidrológicos naturais que acontecem todos os anos. A situação tem sido agravada pelo aquecimento dos oceanos, como já reportado pela Amazônia Real.

Ebulição climática

Diante dessa realidade previsível, os governos pouco fizeram para garantir a sobrevivência dos povos prejudicados por mais uma estiagem. "O governo, responsável pelo motor de bomba, não ajeita rápido. Demora 6 meses, 1 ano assim. Algumas vezes também nós ficamos sofrendo um ano. Aí as pessoas daqui do Umariaçu 1 estão reclamando. Nós bebemos água de chuva quando o motor de bomba queima, nós estamos há seis meses assim", denuncia o cacique Ezequiel.

Os Tikuna nem ouviram falar de que chegaria alguma água mineral ou cesta básica para a região do Alto Solimões, segundo o cacique. A TI Umariaçu não é isolada da cidade de Tabatinga, o que para Ezequiel indica que o governo negligencia a assistência. "Não tem ajuda da prefeitura, não tem ajuda da Funai, não tem ajuda de nada, nem governo federal. Não chegou nada, nem água nem comida", afirma a liderança.

We'ena (nome que significa nação de onça), também chamada de Juliana da Silva Marcolino, 26, nora de Ezequiel, não escondia o descontentamento com a situação. "Agora o sol está muito forte, a mesma coisa a seca do rio, do lago, a roça também, a terra está muito quente. Nós perdemos as plantações. Eu planto mandioca e não cresce, está morrendo, a mesma coisa a banana. Fico triste, está muito sol, não aguento ficar dentro de casa", relata a indígena.

Seca pela região

Com a seca, faltou água nas comunidades. Rosângela Fernandes da Silva, de 48 anos, pescadora e artesã, mora com sua família de seis adultos e uma criança de 5 anos na comunidade São Paulo, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Amanã, no município de Maraã, também no Alto Solimões. De abril a novembro de 2024, ela enfrentou a seca severa, que atingiu seu pico entre setembro e outubro. A falta de água compromete tarefas básicas, como beber, cozinhar, tomar banho e lavar roupas.

O rio Coracy, afluente do rio Japurá, secou quase completamente, deixando as 11 famílias à espera da subida das águas para retomarem suas atividades. A região fica distante a 12 horas de viagem de barco até Manaus. "O desespero quase tomou conta da minha vida, ainda mais quando minha neta e neto diziam: 'Vovó quando vai chegar água na nossa torneira?' Isso me dói muito. Dói de ver nosso rio se transformado em praia, só poço de água contaminada, tomando e dando banho nos meus netos com água podre. Já chorei muito", desabafa Rosangela Silva, que integra o projeto "Boletim das Águas", um grupo de WhatsApp que monitora a crise climática local.

A pouca água remanescente no rio se tornou insalubre, agravada pela morte de peixes em outubro, causada pela falta de oxigênio e pelo acúmulo de sedimentos. "A água está coberta de banha dos peixes mortos. O sabão nem espuma, e tudo - louça, roupa, nosso corpo - fica liso por causa disso", descreve a pescadora. Em 2023, a seca não chegou a esse nível crítico, mas em 2024, a Defesa Civil não conseguiu levar água potável para a comunidade.

Durante o auge da seca, o filho de Rosângela fazia jornadas de quatro horas para buscar água em uma comunidade vizinha, empurrando a rabeta quando necessário. A escassez também afetou a alimentação: "Pegamos algo na roça, como banana e macaxeira, e comemos peixe assado. Café da manhã nem existe mais", diz ela. A falta de água impossibilitou a produção de farinha e obrigou a comunidade a racionar alimentos.

Sem embarcações adequadas para navegar no rio raso, Rosângela não consegue escoar sua produção de artesanato e plantações. A renda de 380 reais do Bolsa Família mal cobre itens básicos. Antes, ela complementava a renda com até 900 reais da venda de artesanato, algo que se tornou inviável.

As aulas na comunidade tornaram-se remotas, com atividades enviadas em apostilas, devido à falta de água para a merenda escolar e à impossibilidade de transporte. Em um vídeo enviado, Rosângela mostra o esforço do filho para transportar cachos de banana até o recreio, uma pequena embarcação. "O processo está levando uns dois dias, começando às 5 horas da manhã", disse ela à Amazônia Real em 25 de outubro.

'A água está verde'

Na comunidade Ingaioara, localizada no município de Fonte Boa, a seca entre setembro e outubro de 2024 deixou a população mais de 30 dias sem chuva, forçando o consumo da água barrenta do rio Panauã. A comunidade fica na área da RDS Mamirauá, na calha do Solimões.

Raimundo Gomes Ferreira, presidente da Associação Extrativista do setor Panauã de Cima, relata o sofrimento da comunidade, que depende de um tanque de 2 mil litros para armazenar água da chuva.

A seca dificultou o acesso à Fonte Boa. A viagem de barco até o rio Solimões levava 5 horas, e mais 12 até o município. O isolamento e a navegação dificultada persistiram até o fim de novembro. "A gente está sofrendo bastante aqui, a gente está aqui muito aperreado. A gente não tem água para beber porque a água do rio [Panauã] está verde, verde", relatou Ferreira, de 74 anos, em entrevista dada em novembro à Amazônia Real, quando a seca ainda persistia de forma grave.

Na comunidade Santa Clara, no município de Tefé, 42 famílias às margens do Solimões enfrentaram dificuldades semelhantes. Eliezer de Souza Ribeiro, agente de saúde, relatou que o percurso de 25 minutos até a cidade aumentou para duas horas, com necessidade de arrastar canoas pela areia. A formação de praias ocorreu mais rápido que em 2023, exigindo mutirões para transporte de alimentos.

A dificuldade de acesso na calha do rio Solimões (Alto e Médio) prejudicou o atendimento médico, como no caso de uma criança que precisou ser carregada por horas até Tefé após ser ferida. "A arraia pegou ela e não passava a dor. Foi eu e o pai carregando ela daqui até chegar em Tefé, foi complicado", lembra ele. A falta de remédios também revelou outra dificuldade.

Segundo a Defesa Civil do Amazonas, até dezembro de 2024, foram distribuídas mais de 3 mil toneladas de alimentos, 41 purificadores de água e 4.532 caixas d'água. Para a saúde, foram enviados 202,6 toneladas de medicamentos e 842 cilindros de oxigênio para diversas regiões, incluindo o Alto Solimões. Especificamente para Fonte Boa e Tefé, foram destinadas 1,5 mil e 3 mil cestas básicas.

Manejo atrasado do pirarucu

A seca impactou o manejo do pirarucu, atrasando a atividade para Rosângela, Valmir e Raimundo. Em meados de novembro, eles ainda não haviam iniciado a extração de suas cotas, correndo o risco de perder a renda. O prazo concedido pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que autoriza o manejo, ia da segunda quinzena de outubro até 30 de novembro. Em novembro, Rosângela lamentava a falta de produção e renda, impossibilitados de manejar o pirarucu e obter gelo para conservá-lo, o que normalmente lhe rende até 2 mil reais anuais.

"Eu entro para dentro da minha casa, vou na cozinha, dá vontade de chorar. Não estamos produzindo nada, ninguém está tendo renda. Já era para a gente estar no manejo do pirarucu e por estar assim muito seco não tem como manejar o pirarucu planejado, não tem como ir na cidade pegar o gelo para o peixe", explicou Rosângela Silva, na ocasião.

Na cidade de Uarini, na comunidade Vila Barroso, Valmir Lima Ramos, que vive exclusivamente da pesca e depende de água da chuva, aguardava o rio encher, isolado da sede do município. Ele foi o único entrevistado da Amazônia Real para esta reportagem que recebeu cesta básica do governo e água da Defesa Civil. Valmir sobrevive com um salário mínimo do seguro-defeso, guardado devido à incerteza da situação. Ele se preparava para limpar o acesso ao lago, inacessível devido à seca.

"Está muito seco ainda, mas já estamos nos preparando para limpar o varadouro, ramal que vai até o lago. Não tem como a gente chegar até o lago para pescar, é muito longe e a comunidade ainda está isolada, a água do rio ainda não chegou na normalidade. [A seca] ainda está feia. Ainda vai demorar para chegar porque está secando muito para o Alto Solimões", contou o pescador no mês de novembro.

Raimundo Gomes, da comunidade Ingaioara, localizada dentro da RDS Mamirauá no rio Panauã, afluente do rio Solimões, também aguardava a subida do rio para iniciar a pesca do pirarucu. Ele estimava arrecadar cerca de 7 mil reais com o manejo. "Não tem como carregar o pirarucu. Está tudo seco, muito complicado. Agora que começou a encher o rio, mas ainda não dá para chegar barcos", afirmou ele à reportagem, em novembro.

Em 28 de outubro de 2024, o Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) do Governo Federal publicou a medida provisória no 1.277, que instituiu um pagamento ampliado do seguro-defeso, no valor de 2.824 reais em parcela única para 90 mil pescadores artesanais da região Norte (Acre, Rondônia, Amazonas e Pará). Uma segunda etapa, prevista para este ano, incluiria mais municípios, totalizando 190 mil pescadores. O seguro-defeso, que garante um salário mínimo durante o período de defeso, teve apenas o valor da parcela de novembro aumentado pela medida, mantendo o valor normal até março de 2025.

A Amazônia Real enviou perguntas para o governo do Amazonas a respeito de todas as ações de apoio à população feitas durante a seca grave de 2024. Solicitou informações sobre a quantidade de água e alimentos distribuídos, bem como a duração das ações e os municípios beneficiados. Até a publicação desta reportagem, o governo do Amazonas não deu resposta.

https://amazoniareal.com.br/especiais/a-seca-no-alto-solimoes/
PIB:Solimões

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