Índios são acusados de canibalismo no Amazonas

O Globo, O País, p. 11 - 11/02/2009
Índios são acusados de canibalismo no Amazonas
Polícia indicia quatro indígenas suspeitos de matar, esquartejar e comer parte das vísceras de fazendeiro de 21 anos

A Polícia Civil do Amazonas indiciou quatro índios da etnia kulina por assassinar, esquartejar e ainda comer parte das vísceras do fazendeiro Océlio Alves Carvalho, de 21 anos, em um ritual de canibalismo no município de Envira, a 1.215 quilômetros de Manaus, no Amazonas. O crime aconteceu semana passada. Os quatro índios estão foragidos, mas não há tentativa de prendê-los, pois a legislação não permite que as polícias Militar ou Civil entrem na tribo para investigar. O crime foi divulgado pela rede internacional de TV CNN.

A notícia do crime teria sido dada pelos próprios índios, que passaram a comentar com os moradores da aldeia, onde moram cerca de 190 famílias kulina. Segundo o chefe de gabinete da prefeitura de Envira, Maronilton da Silva Clementino, os índios tinham boa relação com o fazendeiro:
- Eles se conheciam e às vezes ajudavam uns aos outros.
Os índios o convidaram para ir até a reserva há três dias, e ele nunca mais foi visto.
O delegado da cidade, sargento José Carlos Corrêa, criticou a Fundação Nacional do Índio (Funai), por, segundo ele, não ter se manifestado:
- Em nenhum momento, a Funai veio acompanhar o caso, que é grave e requer todo um cuidado. Apenas um representante da Funai esteve aqui quatro dias depois do ocorrido, quando pedimos quase que socorro para resgatar o corpo, pois a polícia não pode entrar na aldeia sem autorização.

O prefeito de Envira, Rômulo Matos, disse que esse é mais um caso relacionado ao alto índice de alcoolismo dentro da aldeia. Clementino informou que os outros fazendeiros estão com medo.

- Os parentes estão irritados com as leis, que protegem os índios, mas não os protege.

Eles (os índios) começaram a beber, e os fazendeiros daqui estão com medo e se perguntando quem será o próximo - disse Clementino.

O delegado culpou os comerciantes de Envira por venderem bebida aos índios:
- A razão (para o crime) é simples. São comerciantes irresponsáveis que acabam vendendo cachaça, álcool para o índio, e ele se torna violento. Na hora da morte (do fazendeiro), eles estavam bebendo o álcool que eles chama de Cabeça Azul. Já tivemos outros casos de outras pessoas que foram mortas pelas etnias aqui mesmo na cidade.

A CNN informou que, segundo a Funai, aproximadamente 2.500 índios kulina vivem na região. A tribo é classificada como isolada, mas alguns índios têm contato com a população não-indígena.


Corpo perto de aldeia
Funai não confirma, porém, canibalismo

A Fundação Nacional do índio (Funai) confirmou que o fazendeiro de 21 anos foi esquartejado em Envira, no Amazonas. Mas informou que ainda não tem condições de dizer se Océlio Alves de Carvalho foi vítima de canibalismo por parte de índios kulina, que teriam consumido bebida alcoólica com o rapaz no dia do crime. 0 corpo de Océlio foi encontrado próximo da aldeia Cacau, dos índios kulina, no município de Envira, no último dia 3.
No fim da tarde, -o presidente da Funai, Márcio Meira, afirmou que ainda estava levantando informações sobre o caso para decidir se a instituição deveria ou não emitir nota oficial.

O Globo, 11/02/2009, O País, p. 11
PIB:Juruá/Jutaí/Purus

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