MT perde 317 mil ha de mata

Gazeta Digital (MT) - http://www.gazetadigital.com.br/ - 26/07/2010
Mato Grosso tem 61 Terras Indígenas que tiveram mais de 317 mil hectares desmatados, ou seja, quase 320 mil campos de futebol. As mais afetadas são as TIs de Jarudori e Maraiwatsede, que ao longo dos anos já perderam 73,3% e 45,5%, respectivamente, de sua floresta. A soma das áreas devastadas nestas duas unidades chega a 78.740 hectares. A informação é baseada no relatório do Programa de Monitoramento de Áreas Especiais (ProAE), desenvolvido pelo Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam), do governo federal.

As imagens via satélite para a criação do relatório são do segundo semestre de 2009 e apontaram que as chamadas "áreas especiais" monitoradas pelo Sipam (TIs, unidades de conservação federal e estadual e Reservas Particulares do Patrimônio Natural) tiveram 683 mil hectares desmatados. As TIs foram as que mais apresentaram devastação (317,2 mil hectares), seguidos de unidades de conservação do Estado (315,3 mil), federais (49,7 mil) e reservas particulares (1.041).

Tanto a área Jarudori como a Maraiwatsede vem de um longo histórico de conflitos entre índios e proprietários rurais. A cacique bororo Maria Aparecida Ekurendo (Jarudori) frequentemente é ameaçada de morte, já que é grande a pressão pela desapropriação da terra indígena localizada no município de Poxoréu (251 km ao sul de Cuiabá).

Em agosto do ano passado, os índios xavantes da Maraiwatsede (que fica nos municípios de Alto Boa Vista, Bom Jesus do Araguaia e São Félix do Araguaia) anunciaram guerra aos fazendeiros, caso não fossem retirados da área na decisão do Tribunal Regional Federal (TRF). Em novembro, o relator do processo deu parecer favorável aos índios.

A ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira, que esteve ontem em Cuiabá, afirma que a equipe do ministério não chegou a uma definição sobre o que está acontecendo nas áreas indígenas. "Estamos verificando, não sabemos ainda. Vamos conversar com o Ministério da Justiça (MJ) para descobrir o que está havendo lá. Pode ser a questão econômica".

Para o gerente regional do Sipam, José Neumar da Silveira, a tendência é que se chegue ao desmate zero no Estado, mas ele se diz surpreso com os números das 2 TIs, principalmente a Maraiwatsede. "Mesmo que, em porcentagem, seja menor que a Jarudori, o território Maraiwatsede é bem maior em área". Mais de 75 mil hectares devastados.

Silveira lembra que o "branco", que supostamente está desmatando a TI, já ocupava a terra antes da criação da reserva e não se retirou da área após a demarcação, como aconteceu com a Raposa Serra do Sol (RR). Apesar da progressiva extração de árvores da área, o gerente do Sipam não acredita que haja falha na fiscalização. "Eu sou testemunha que ela existe. Só que é muita coisa (para fiscalizar) e não se consegue. É pouco servidor para muita área".

Ele afirma que, no último levantamento feito na Amazônia, verificou-se que existe 1 fiscal do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para cada 28 mil km2. Como opções para combater o desmatamento nessas áreas, o representante do Sipam aponta não apenas o investimento em ações repressivas (como operações federais), mas a construção de um projeto de Estado em que são apresentadas alternativas de produção aos desmatadores como rotação de cultura, correção de solo e atividades sustentáveis. "Tem que provar que o desmatamento é menos lucrativo que a floresta em pé".

http://www.gazetadigital.com.br/materias.php?codigo=265358&codcaderno=19&GED=6812&GEDDATA=2010-07-24&UGID=a2216309b5f88c7b1f8ce20bbfb87055
PIB:Leste do Mato Grosso

Related Protected Areas:

  • TI Jarudore
  • TI Marãiwatsédé
  •  

    As notícias publicadas neste site são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.