Dois irmãos, índios da etnia Macuxi, da comunidade Mangueira, no Município de Alto Alegre, foram encontrados mortos na terça-feira à noite. O duplo homicídio aconteceu na fazenda São Francisco, localizada depois da comunidade indígena. O caseiro confessou o crime, mas até a noite de ontem ele estava depondo e a polícia ainda não divulgou os motivos.
De acordo com informação do 2o tenente Adão, da Polícia Militar, comandante do destacamento da corporação naquele município, que atendeu a ocorrência junto com sua equipe, as vítimas foram identificadas com os nomes de Welliton e Lucas (Luc) da Silva Patrício. Um dos irmãos foi encontrado dentro de uma rede e o outro sentado em uma cadeira tipo "preguiçosa".
Disse que foi informado do crime por volta das 19h por telefone e, quando a equipe policial chegou ao local, encontrou apenas os corpos. Os proprietários e funcionários ou qualquer outro morador da fazenda não foram encontrados para dar informação sobre o que tinha acontecido. No caminho, os policiais conversaram com o ex-tuxaua da comunidade indígena, identificado apenas por Cosmo, que auxiliou os militares indicando a localização da fazenda e o nome do dono, que identificou por Assis Araújo.
O militar destacou que somente por volta das 22h30 a equipe policial chegou à fazenda, porém o local estava aparentemente abandonado. Disse que a sede da fazenda estava às escuras e as duas outras residências existentes no local estavam com as portas e janelas abertas. Informou que a mãe dos indígenas, Alice Silva Sapará, 60, esteve no local e reconheceu os corpos dos filhos, após a realização da perícia da Polícia Civil.
Em seguida ao trabalho dos peritos, a equipe de servidores do Instituto de Medicina Legal (IML) chegou ao local e fez a remoção dos cadáveres. Os corpos dos irmãos assassinados foram trazidos ao instituto em Boa Vista para realização do exame cadavérico.
Acompanhado da sua equipe e de policiais do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) da Polícia Militar em Boa Vista, o oficial da PM foi para o local junto com um agente de Polícia Civil da Delegacia de Alto Alegre. Eles entraram nas duas casas da fazenda e encontram quatro espingardas, um revólver, munição, terçados e faca escondidos embaixo de colchões.
Todo material foi apreendido e posteriormente entregue na delegacia acompanhado do relatório policial. Ainda de acordo com a polícia, o acusado do duplo homicídio, o administrador da fazenda, Luciano Costa Santiago, não foi encontrado naquela ocasião.
Segundo a mãe dos indígenas mortos revelou aos policiais, os filhos estavam trabalhando na fazenda. Revelou ainda que, naquela terça-feira, os filhos foram cedo para a fazenda a convite de Luciano Costa Santiago para trabalhar no local. Luciano almoçou na casa dela e depois foi embora para a fazenda junto com a esposa dele, que voltava de Boa Vista no carro do casal, um Gol prata. Porém, no meio da tarde, o mesmo carro voltou em direção à Capital e passou direto pela comunidade indígena.
Ontem pela manhã, depois dos exames de necropsia no IML, os corpos dos irmãos foram entregues para a família que providenciou o traslado para a comunidade indígena, onde estava previsto para acontecer o sepultamento. Enquanto isso, a polícia continuava investigando o paradeiro do principal suspeito.
Administrador de fazenda comparece à polícia e confessa assassinatos de irmãos
O administrador da fazenda Luciano Santiago se apresentou à polícia e confessou o crime.
Na tarde de ontem, o administrador da fazenda onde aconteceu o duplo homicídio, Luciano Costa Santiago, se apresentou espontaneamente à Polícia Civil em Boa Vista. Ele estava acompanhado do advogado Gerson Coelho e se apresentou no gabinete do diretor do Departamento de Polícia Judiciária do Interior (DPJI). Luciano foi interrogado pelo delegado Douglas Gabriel, titular da Delegacia de Polícia Civil do Município de Alto Alegre, onde ocorreu o crime.
Até as 19h de ontem ele continuava na sala do delegado sendo interrogado. Por telefone, o advogado Gerson Coelho informou que o seu cliente confessou os assassinatos, porém não entrou em detalhes de como ocorreram os crimes e o que motivou os assassinatos.
A Folha conversou com o delegado Douglas por telefone, mas ele informou que naquele momento não podia falar sobre o caso porque ainda estava interrogando o suspeito e se inteirando dos fatos. Somente ao final do procedimento iria dar entrevista.
Mas afirmou que, por ter se apresentado espontaneamente, tão logo fosse encerrado o interrogatório Luciano seria liberado, já que não foi preso em flagrante e não havia nenhum mandado de prisão decretado pela Justiça contra ele. Desta forma, o administrador deve responder ao inquérito policial em liberdade.
http://www.folhabv.com.br/noticia.php?id=130585
PIB:Roraima/Lavrado
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