Índio é flechado no DF após contar a sobrinho ter ficado com a mulher dele

G1 - http://g1.globo.com/ - 01/10/2012
Em troca, tio ofereceu a própria companheira para o sobrinho, diz delegado.
Vítima foi atingida em cabana onde vive, mas já teve alta e passa bem.


Um indígena de 32 anos da aldeia Tekohaw, localizada próxima às obras do Setor Noroeste, área residencial nobre de Brasília ainda em construção, foi preso no último sábado (29) após desferir uma flechada contra o tio de 45 anos, morador da mesma comunidade. Segundo a polícia, a vítima foi atingida no tórax e levada para o Hospital de Base, mas já teve alta e passa bem.

O suspeito confessou o crime à polícia, de acordo com o delegado Rodrigo Bonach. A tentativa de homicídio foi motivada, segundo ele, por uma discussão após o tio contar que teria tido relações sexuais com a mulher do sobrinho. Em troca, o tio teria oferecido a própria companheira para se relacionar sexualmente com o sobrinho.

"O autor não aceitou [a traição] e acertou a vítima com um pau na testa. Em seguida, voltou para sua cabana, pegou um arco e uma flecha e desferiu a flechada através de uma fresta na cabana do tio", disse Bonach.

O suspeito responderá criminalmente por tentativa de homicídio qualificado por motivo fútil. A pena prevista caso haja condenação é de 12 a 30 anos de reclusão. Como o homicídio não foi consumado, o autor da flechada pode ter redução entre um e dois terços da pena.

O delegado informou que o suspeito tinha contato com a cultura fora da aldeia e, portanto, não será beneficiado por ser indígena. "Ele teve plena consciência do caráter ilícito de seus atos e responderá normalmente pelo crime", declarou Bonach.

De acordo com o delegado, a Fundação Nacional do Índio (Funai) será notificada sobre o caso. A polícia apreendeu com o suspeito dois arcos, cinco flechas, dois facões e dois estilingues.

De acordo com o delegado, cerca de 50 pessoas moram na aldeia Tekohaw. O grupo teria se mudado do Maranhão para Brasília em 2006. Perto da aldeia, mais próximo dos prédios em construção do Setor Noroeste, outra comunidade indígena vive no local conhecido como Santuário dos Pajés.


Conflitos

Desde o início das obras do novo setor habitacional, destinado à classe média alta, a área é disputada pela comunidade indígena e por construtoras. Em novembro de 2011, 14 ambientalistas foram detidos no local após confronto com policiais. Eles defendiam que 50 hectares do Noroeste fossem considerados reserva indígena.

Em outubro do ano passado, oito famílias indígenas que ocupam o Setor Noroeste aceitaram o acordo proposto pela Terracap, Fundação Nacional do Índio (Funai) e Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Distrito Federal (Ademi) para deixar o local.

Segundo o advogado que representa essas famílias, George Peixoto, os indígenas aceitaram ser removidos para uma área da Terracap próxima ao Noroeste, chamada de Área Especial Cruz, com 12 hectares.

Na época dos conflitos, o procurador-geral da Funai, Antônio Salmeirão, informou que o estudo prévio feito por antropólogos dizia que existem alguns indícios de que a área fosse indígena, mas não concluiu que a região fosse tradicionalmente ocupada. "Aquela não é uma área tradicionalmente ocupada. Esse é o entendimento da Funai", declarou.



http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2012/10/indio-e-flechado-no-df-apos-contar-sobrinho-ter-ficado-com-mulher-dele.html
PIB:Goiás/Maranhão/Tocantins

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