Teve início neste mês a colheita das safras de feijão, milho e arroz nas oito comunidades que fazem parte do Projeto Básico Ambiental da Usina Hidrelétrica Mauá para a questão indígena. Desde o preparo do solo para o plantio, iniciado em outubro de 2012, o trabalho foi coordenado por uma equipe de antropólogos e engenheiros agrônomos contratada pelo Consórcio Energético Cruzeiro do Sul. O consórcio, formado pela Eletrosul e pela Copel, é responsável pela implantação da Usina, inaugurada pelo governador Beto Richa em dezembro de 2012.
São cerca de 340 hectares plantados nas oito terras indígenas: Mococa, Queimadas, Apucaraninha, São Jerônimo, Barão de Antonina, Posto Velho, Laranjinha e Pinhalzinho. A expectativa é de que a produção alcance cerca de 80 toneladas, que serão utilizadas para o consumo das famílias e a formação de um banco de sementes, além da comercialização do excedente. O engenheiro agrônomo Gilberto Shingo, que coordena o trabalho, conta que a definição das culturas foi feita pelos próprios indígenas em oficinas realizadas em todas as comunidades.
Além da equipe que coordena o trabalho, o consórcio forneceu as sementes e contratou equipamentos e mão-de-obra, que incluiu pessoas das próprias terras indígenas. "Foram utilizados métodos orgânicos de produção agrícola com o objetivo de melhorar as condições de saúde e nutrição das famílias", acrescenta o agrônomo. Cada terra indígena formou um comitê gestor para acompanhar o trabalho e aplicar as orientações técnicas recebidas nas próximas safras.
O plantio faz parte do Programa de Apoio às Atividades Agropecuárias. Além dele, o Projeto Básico Ambiental da Usina Hidrelétrica Mauá inclui programas como o de articulação de lideranças indígenas, vigilância e gestão territorial, recuperação de áreas degradadas e proteção de nascentes, melhoria da infraestrutura, fomento à cultura e às atividades de lazer, monitoramento da fauna e da qualidade da água.
Exemplo
O Projeto Básico Ambiental da Usina Mauá é considerado por especialistas na questão indígena como um exemplo nos empreendimentos em energia elétrica. Ele foi constituído com base em estudos feitos por técnicos da área e muito diálogo com os indígenas, órgãos como a Fundação Nacional do Índio (Funai) e o Ministério Público Federal.
O antropólogo Paulo Góes, que coordenou o trabalho, conta que o começo do processo foi conflituoso por conta da demora no processo de licenciamento da Usina e pelas dúvidas, por parte dos indígenas, sobre quais comunidades seriam abrangidas. O diálogo, segundo o antropólogo, só começou efetivamente com a realização das 34 oficinas nas quais foram explicados o projeto da Usina e o processo de licenciamento. Para isso, a equipe contou com o auxílio de professores bilíngües. As oito terras indígenas incluem pessoas das etnias guarani, kaingang e xetás.
Uma das próximas ações do Consórcio dentro do Projeto Básico Ambiental da Usina Mauá será a entrega de tratores, vans, automóveis, motos e ambulância para as comunidades - veículos que serão utilizados no desenvolvimento dos programas. Os indígenas que serão condutores desses veículos já passaram por cursos de habilitação.
Serão construídos também barracões, escritórios e salões de festas. Daqui pra frente, todos os programas do projeto estarão em andamento, contando com o apoio de antropólogos e engenheiros agrônomos por um período de cinco anos.
"Nossa expectativa é muito positiva, mas temos que levar em consideração as diferenças que existem entre as etnias e, ainda, aquelas entre as próprias comunidades, pois cada uma tem uma organização interna muito própria", complementa o antropólogo.
O Projeto Básico Ambiental da Usina Mauá pode ser consultado no site www.usinamaua.com.br.
http://www.aen.pr.gov.br/modules/noticias/article.php?storyid=73076&tit=Indios-iniciam-colheita-da-safra-de-graos-com-apoio-da-Usina-Maua
PIB:Sul
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