Em apoio às reivindicações das lideranças Kaingang que estão acampadas na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, um grupo com cerca de 200 índios voltou a bloquear a rodovia BR-285, próximo ao município de Gentil, no Rio Grande do Sul. A rodovia havia sido liberada nessa terça-feira (18), mas foi reocupada na manhã de hoje (19).
Um novo ponto de bloqueio paralisou a rodovia BR-386, no trecho do município de Irai, onde 300 índios Kaingang de nove terras indígenas também manifestam apoio ao movimento em Brasília. "Estamos com toda a comunidade aqui e esperamos que retomem os processos de nossas terras e criem novos grupos de trabalho para acelerar as demarcações. Se a resposta em Brasília for negativa às nossas reivindicações, vamos bloquear mais rodovias", afirmou Isaías Jacinto Kaingang.
A sede regional da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Passo Fundo (RS) está ocupada desde segunda-feira (17) e os índios permanecem sem qualquer tipo de assistência por parte do órgão. "Estamos com mais de 20 crianças aqui e a Funai não nos ajudou nem com a comida. A gente até agüenta ficar sem alimentação, mas nossas crianças não podem passar o dia todo sem comer", disse Daniel Kaingang, da Terra Indígena Votouro/Kandoia.
A decisão dos indígenas é manter as ocupações e bloqueios até que haja uma posição do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que deve se reunir com as lideranças Kaingang às 17 horas desta quarta-feira (19), em Brasília. "Ontem veio uma ligação da assessoria do ministro dizendo que só teria reunião em Brasília se liberássemos as BRs e a Funai. Mas não vamos sair daqui até que tenha um diálogo concreto e uma posição favorável do ministro", completou Daniel Kaingang.
O povo Kaingang pede a homologação imediata da Terra Indígena Rio dos Índios; assinatura da Portaria Declaratória para Votouro/Kandóia e Irapuá (Guarani); publicação do Relatório de Mato Castelhano e conclusão dos processos demarcatórios da Terra Indígena do Passo Grande do Forquilha. Os indígenas ainda apontam que não aceitarão as medidas tomadas em relação à Terra Indígena Guarani Mato Preto, onde através de pressão forçou-se a comunidade a reduzir seu território e exigem a imediata regularização fundiária nos limites estabelecidos pelo estudo da Funai.
Em ocupação na sede da AGU, em Brasília, no dia (18) de março, pela revogação imediata da portaria 303, os indígenas não foram recebidos pelo ministro da AGU, Luis Adams, mas pelo procurador-federal, Marcelo Siqueira e o Grupo de Trabalho (GT) da portaria. A portaria impede a revisão e ampliação das Terras Indígenas (TIs) no Brasil e está em vigor desde (5) de fevereiro, evitando a efetivação da Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
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