Polícia investiga morte de irmãos em conflito indígena no Norte do RS

G1- http://g1.globo.com/ - 29/04/2014
Reforços da Polícia Federal, da Polícia Civil e da Brigada Militar foram deslocados para Faxinalzinho, na Região Norte do Rio Grande do Sul para evitar novos confrontos entre índios e agricultores, como mostra reportagem do Bom Dia Rio Grande, programa da RBS TV.

Na segunda-feira (28), dois agricultores foram encontrados mortos próximo a uma área onde ocorreram manifestações de indígenas. O Coordenador Regional da Funai pediu à direção do órgão em Brasília que um representante venha até o estado para mediar o conflito. As vítimas são irmãos, e têm idades de 27 e 42 anos. Eles foram baleados com tiros de espingarda de calibre 12 e atingidos por facadas. Uma perícia foi realizada no local no final da noite.

A situação ainda é tensa na região. O agricultor Paulo de Moraes estava com as vítimas quando o tumulto começou. Ele conta que, juntos, abriram um dos bloqueios para que um caminhão carregado de ração pudesse passar. Em seguida, houve discussão entre os índios e os produtores. "Fiquei observando o movimento, e aí chegaram vários índios nessa região, fortemente armados, gritando pelo nome de alguém, que alguém aparecesse", relembra Moraes.

Os agricultores tentaram voltar para o local onde seus carros estavam estacionados, mas os veículos foram depredados.Testemunhas contaram que os dois irmãos foram perseguidos por um grupo de índios por cerca de 300 metros. O grupo teria ferido a dupla com facões, pauladas e atingidos por tiros de espingarda. A polícia ainda não confirma de quem eram as armas e quem atirou.

Os corpos dos agricultores foram encontrados próximos à estrada que liga Erval Grande a Faxinalzinho. O delegado Sérgio Luiz Zanatta, de São Valentin, investiga suspeitos pelas mortes. "Existem perfuração com armas cumpridas, alguns cartuchos de armas 12 e 28, mas não se sabe de quem eram essas armas", completou Zanatta.

Os índios caingangues da reserva do Votouro e do acampamento Candóia começaram os bloqueios na segunda-feira pela manhã. A comunidade agrícola onde os irmãos moravam ficou isolada. A família das vítimas e moradores do local ficaram abalados. Com medo, eles decidiram passar a noite juntos, em vigília.

"Estamos correndo risco, estamos tentando nos proteger. Eu não moro aqui, mas a gente está aqui para dar apoio e tentar amenizar a dor dessa familia", falou, emocionada, a madrinha de uma das vítimas Lauredes Guerra de Araújo.

Por telefone, o cacique do acampamento Candoia, Deuclides de Paula, afirmou que este é um problema antigo entre índios e não-índios da região. Segundo ele, uma audiência para discutir a demarcação de terras no local já foi desmarcada duas vezes.

A polêmica da demarcação de terras também deixou o clima tenso em outros dois municípios do Norte do estado. Em Sananduva, cerca de 250 índios acamparam em um ginásio e no prédio de uma escola. De acordo com o grupo, parte da área do município pertence a uma reserva indígena. Em Gentil, um veículo da Secretaria Especial de Saúde Indígena foi retido por caingangues dentro de uma aldeia. Os quatro ocupantes do veículo foram liberados. Os índios protestam por melhor atendimento de saúde.



http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2014/04/policia-investiga-morte-de-irmaos-em-conflito-indigena-no-norte-do-rs.html
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