Índios apreendem veículos durante protesto contra empresa no PA

G1- http://g1.globo.com - 10/10/2014
Um grupo de índios Tembé realiza um protesto há cerca de uma semana contra as atividades da empresa Biopalma da Amazônia, agroindústria de óleo de palma, no território Turé-Mariquita, localizado no município de Tomé-Açu, nordeste do Pará. De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), os índios denunciam casos de contaminação decorrentes das atividades da Biopalma, e apreenderam os veículos durante protesto. A Biopalma se manifestou por meio de nota, afirmando que mantém permanente diálogo com comunidade indígena e que não existem evidências comprovando a contaminação.

Segundo o MPF, os índios apreenderam oito veículos da empresa, entre carros e tratores. A Biopalma contesta o número afirmando que 11 veículos e 5 equipamentos agrícolas estão em posse dos índios. A empresa afirmou ainda que repudia a ação dos índios por colocar em risco a segurança de seus funcionários e prestadores de serviço, que operavam os equipamentos quando foram retidos, segundo a nota. O MPF se manifestou pedindo uma audiência com as duas partes.

O MPF apresentou à Justiça relatos de reuniões entre os índios e a empresa com várias denúncias de contaminação, morte de animais e peixes, além de várias doenças. "Adultos e crianças sentem muita dor de cabeça, febre, diarreia e vômito. A comunidade foi procurar a empresa para reivindicar saneamento e a empresa se recusou, disse que não tinha nada a ver com isso. Precisamos trabalhar juntos, precisamos de melhoria de vida, peixes e caças mortas depois da aplicação do veneno, antes nós não víamos isso", diz um dos relatos apresentados pelo MPF.

Outros relatos acusam a empresa de desviar água em excesso para suas plantações, provocando secas nos igarapés e nascentes dos rios. De acordo com o MPF, o Instituto Evandro Chagas (IEC) comprovou contaminação por agrotóxico em plantações de dendê, registradas em relatório de perícia feita nos municípios de São Domingos do Capim, Concórdia do Pará, Bujaru e Acará, municípios vizinhos de Tomé-Açu e também tomados por plantações de dendê para beneficiamento pela Biopalma e outras empresas.

A Biopalma afirma que desenvolve projetos sustentáveis nas áreas de saúde, educação, segurança alimentar, infraestrutura de acesso e saneamento básico, seguinto orientações da Fundação Nacional do Índio (Funai), e se colocou à disposição do Poder Judiciário para participar da audiência solicitada pelo MPF.

A empresa ressalta que não existem evidências de contaminação da água superficial por defensivos agrícolas e que os resíduos detectados pelo IEC são de produtos não utilizados pela Biopalma, que não utiliza produtos danosos ao meio ambiente segundo a nota.


Confira a nota da Biopalma na íntegra:


A Biopalma informa que 10 veículos de sua propriedade e 01 de empresa terceirizada e mais 05 equipamentos agrícolas estão em posse de índios da Terra Indígena Turé-Mariquita. A empresa informa ainda que mantém permanente diálogo com comunidade indígena, além de desenvolver projetos sustentáveis nas áreas de saúde, educação, segurança alimentar, infraestrutura de acesso e saneamento básico em conformidade com a orientação da Fundação Nacional do Índio (FUNAI).

A Biopalma repudia este tipo de ação que coloca em risco a integridade física de seus empregados e prestadores de serviços, uma vez que as máquinas foram retidas quando os mesmos se encontraram no exercício de suas atividades.

Com relação à audiência mencionada, a Biopalma informa que está à disposição assim que for confirmada pelo Poder Judiciário.

A Biopalma esclarece, também, que teve acesso ao "Relatório Técnico de avaliação da água superficial e sedimento de fundo localizados em áreas potencialmente impactadas pelo cultivo do dendê nos municípios de Concórdia do Pará e Bujaru", produzido pelo Instituto Evandro Chagas (IEC). No documento emitido não existem evidências de contaminação da água superficial por defensivos agrícolas e que nas análises de sedimentos foram detectados resíduos de DDT e Endossulfan, produtos estes que não são utilizados pela Biopalma.

A empresa esclarece que o referido estudo tem como referência os municípios de Concórdia do Pará e Bujaru. A Biopalma está avaliando o referido estudo e na próxima semana marcará reunião com o Ministério Público Estadual para tratar sobre o mesmo.

A Biopalma reforça que não utiliza nenhum produto que possa causar dano ao meio ambiente e que mantém sua firme disponibilidade para o diálogo.



http://g1.globo.com/pa/para/noticia/2014/10/indios-apreendem-veiculos-durante-protesto-contra-empresa-no-pa.html
PIB:Sudeste do Pará

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