Em Guaíra comunidade guarani retoma espaço da Aldeia Y'Hovy para impedir construção de condomínio

CTI- http://www.trabalhoindigenista.org.br - 04/11/2014
Após retomarem durante a madrugada desta terça-feira (04/11) parte do território da aldeia Y'Hovy, a comunidade guarani no município de Guaíra, oeste do Paraná, amanheceu sob ameaças com a presença de diversos automóveis, supostamente a mando de fazendeiros e proprietários da região. Além destes, policiais militares do BPFron (Batalhão de Polícia de Fronteira) também monitoravam a aldeia. Os guarani retomaram uma área que estava sendo desmatada e já tinha até uma estrada passando. No espaço, pertencente ao Tekoha Y'Hovy, em que os indígenas utilizam para a coleta e reprodução da vida, está sendo construído um condomínio residencial que vai acabar com o pouco que resta de mata nativa na região.

"A área faz parte de nosso Tekoha, temos usado para colher remédios e material para artesanato. Vamos defender nosso Tekoa com nossas vidas se for necessário", diz o cacique Ilson Soares. Junto com Paulina Martines, Ilson é liderança da aldeia Y'Hovy, eles agora tentam pressionar os orgãos governamentais a reconhecerem o direito dos guarani de ocupar seu território tradicional. O principal desafio é garantir esse território antes que a especulação imobiliária chegue até o espaço através de empreendimentos.

Antes de retomar o espaço, os guarani solicitaram uma reunião com o Ministério Público Federal de Guaíra. "Ontem o MPF abriu uma excessão para nos ouvir, mas disseram que não podiam fazer nada quando explicamos nossa intenção de retomar nosso território para impedir a construção", explica Ilson Soares. O cacique conta que os indígenas já protocolaram uma carta, na qual levantaram documentos que explicam a situação de conflito na aldeia em que particulares querem construir um condomínio.

Na região do oeste do Paraná, principalmente nos municípios de Guaíra e Terra Roxa, os indígenas guarani enfrentam diariamente o preconceito e a exclusão social. Muitas das lideranças locais já sofreram graves ameaças de fazendeiros e proprietários particulares. Pelas cidades,além de faixas em espaços públicos, centenas de carros exibem seus adesivos contra a presença dos indígenas. É comum também que os não-índios se neguem a dar emprego para os guarani, que só conseguem sobreviver através do esforço e trabalho coletivo em suas aldeias.

Apesar da discriminação, a partir da iniciativa da própria comunidade na aldeia Y'Hovy já foram construídas uma casa de reza e uma escola de língua guarani, para fortalecer os costumes de seu povo. Através de sua própria organização os guarani também já conseguiram acesso a recursos básicos como luz e água e seguem lutando por dignidade e reconhecimento de seus direitos.



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