Blog do Altino Machado (Rio Branco - AC) - www.altinomachado.com.br - 13/11/2015
Um indígena da etnia sapanawa, que estabeleceu o primeiro contato em junho do ano passado, na fronteira do Brasil com Peru, está doente e um relatório médico do setor do Ministério da Saúde que cuida de casos envolvendo índios isolados e de recente contato recomenda que o mesmo seja examinado com urgência.
O indígena faz parte do grupo de jovens que contatou indígenas ashaninka e servidores da Fundação Nacional do Índio (Funai), na Aldeia Simpatia da Terra Indígena Kampa e Isolados do Alto Rio Envira, no Estado do Acre.
Kama, que aparenta ter 20 anos, contraiu uma gripe que evoluiu para pneumonia e agora está sob suspeita de ter sofrido derrame pleural. Após o contato, os sapanawa foram vacinados, mas continuam com imunidade baixa. O Ministério da Saúda aguarda posicionamento da Funai para providenciar a remoção do indígena para exame e tratamento em Rio Branco.
Desde o contato, a Frente de Proteção Etnoambiental (FPE) tem sido criticada no Acre por antropólogos e indigenistas porque não teria se preocupado em plantar roçados para alimentar o grupo de 34 sapanawa. Uma criança nasceu após o contato.
Os sapanawa se dividiram em dois grupos em busca de comida nas bases da Funai. Alguns foram para a base do Douro, que fica no Rio Tarauacá, acima da município de Jordão. A menos de dois quilômetros em linha reta, abaixo da base, existe uma comunidade de brancos com mais de cem pessoas.
A proximidade para transmissão de doenças é grave por falta de roçados. Funcionários da FPE da Funai têm sido criticados porque perderam tempo com permacultura da quinoa, quando se sabe que o alimento básico dos índios é macaxeira, milho e banana.
Há tempos que os sapanawa peregrinam em busca de comida pela aldeia Simpatia, abaixo da base do igarapé Xinane e mais recentemente na base do Douro. Da base do Xinane para a base do Douro, no Rio Tarauacá, são três dias de caminha dentro da floresta.
Até o uso de roupa sem o cuidado de lavar tem causado muita micose nos índios recém contatados, além de gripes e outras doenças tropicais.
Consultado pela reportagem, o indigenista Leonardo Lenin, que chefia a Frente de Proteção Etnoambiental (FPE), manifestou preocupação. Ele explicou que na base do igarapé Xinane existe uma equipe técnica de saúde permanente.
Na sexta-feira (6) da semana passada, uma equipe de saúde foi deslocada para a base do Douro para acompanhar o indígena, mas deixou a área na terça-feira (10).
"Agora temos um servidor fazendo o monitoramento. Como houve melhora, estamos esperando avaliação médica para tratar da remoção dele para Rio Branco. Nesses casos, a gente fica muito receoso de fazer uma remoção. Estamos adotando todos os procedimentos ainda em área", afirmou Lenin.
O chefe da FPE disse que todos os roçados da base Xinane estão sendo reativados para prover alimentação suficiente aos indígenas, mas que esse é um trabalho demanda tempo.
A preocupação maior da Funai é com a permanência de sete indígenas de recente contato na base do Douro, que s deslocaram para lá por causa da existência de mais comida. Porém, a proximidade com os moradores brancos da região os deixa mais vulneráveis às doenças.
http://www.altinomachado.com.br/2015/11/ministerio-da-saude-recomenda-exame-em.html
PIB:Acre
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- TI Kampa e Isolados do Rio Envira
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