Com churrasco, festas em aldeias reúnem famílias e lembram colonização

Campo Grande News - http://www.campograndenews.com.br - 19/04/2016
É uma terça-feira como outra qualquer nas cidades, mas hoje (19) é praticamente um feriado nas aldeias que comemoram o Dia do Índio, em Mato Grosso do Sul. São mais de 65 reservas indígenas ou acampamentos que saem da rotina para festejar e o que não falta na maioria delas é o churrasco. Tem até encenação do período colonial para lembrar como as terras foram tomadas pelos não-índios. A data comemorativa foi instituída em 1943, pelo ex-presidente Getúlio Vargas, responsável pela política que fez com que os índios fossem expulsos de suas terras pelos colonos.

As festas também são espaço para reafirmar a cultura e a luta pelos territórios, mas tudo com muita diversão. É um dia para lembrar mais as conquistas que cada comunidade já teve do que os impasses que dificultam a vida diária nesses locais.

Na aldeia Panambizinho, em Dourados, participam da festa moradores de outras três aldeias. A comemoração com churrasco é para envolver as famílias, em especial as crianças, em dias de tensão no cenário político nacional, segundo o cacique Valdomiro Osvaldo Aquino. "São muitas notícias ruins no Brasil, mas hoje temos que trazer alegria para os mais novos, porque são eles que vão dirigir a aldeia no futuro", comenta o líder.

A festa conta com participação de agentes da Funai (Fundação Nacional do Índio), que devem passar por mais de uma aldeia hoje. Na Panambizinho, a programação inclui o Joinpa (Jogos Indígenas da Aldeia Panambizinho) que faz parte da 3ª Semana dos Povos Indígenas da Reserva de Dourados. O evento reúne índios das etnias Terena, Ñandeva e Kaiowá.

Na Terra Buriti, a festa reúne toda a comunidade Terena e tem até dança típica de outra etnia. Para homenagear os parentes que vivem no local, um grupo de jovens dança o ritmo dos Kadiwéu, conta o coordenador da Escola Indígena Alexina Rosa Figueiredo, Gilmar Veron. "Estão aqui famílias de doze vilas da reserva. É um momento de refletir a nossa situação, enquanto indígena, nossa própria cultura, educação, saúde e território. Lembramos muito tudo isso, nesse dia", comentou o professor.

Nos acampamentos, onde famílias permanecem reivindicando o território, também tem comemoração. Em Douradina, a comunidade Guyra Kambiy, que está no local desde 2011, não deixou a data passar em branco. "Não podemos deixar de lado esse que é o nosso dia D. Temos que comemorar, ressaltando a cultura e não esquecendo a luta", comenta o agente de saúde, Sérgio da Silva, que enviou a foto do churrasco, que reúne 22 famílias hoje.

Outro acampamento, Laranjeira Ñanderu, em Rio Brilhante, recebe hoje a visita do procurador federal da AGU (Advocacia Geral da União), Eduardo Raffa Valente. Por lá, os índios farão festa o dia todo. Nesta manhã, um grupo encenou e registrou em vídeo a chegada dos colonos ao então Estado do Mato Grosso, hoje Mato Grosso do Sul, que desencadeou no aldeamento dos índios que viviam em um território amplo e sem fronteiras definidas. As apresentações ocorrem dento da Casa de Reza.


Exposição


Em Campo Grande, cinco aldeias indígenas também comemoram o Dia do Índio hoje. Na Uems (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul), a data é marcada pela exposição de pinturas e fotografias de autores diversos sobre a temática indígena. A exposição faz parte da campanha da Funai, "Abril Indígena" e é uma produção do Coletivo Terra Vermelha, acadêmicos indígenas da UEMS/CG e a própria universidade.



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PIB:Mato Grosso do Sul

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