PF reproduz execução de índio em Palmeira

Gazetaweb- http://gazetaweb.globo.com - 28/10/2016
A Polícia Federal (PF) conduziu, ontem, a reconstituição do assassinato do índio Itamar Ricardo da Silva, ocorrido em 2005, na Fazenda Canto, no município de Palmeira dos Índios. Um dos acusados do crime, Ednaldo Ramos dos Santos, conhecido como "Naldinho", foi levado até o local, mas não colaborou com o trabalho, que foi solicitado pelo Juízo da 12ª Vara Federal.

Preso no Cadeião, em Maceió, "Naldinho" foi levado pela PF até o local do crime, mas permaneceu o tempo todo calado e cobriu o rosto com a camisa. A reportagem da Gazeta de Alagoas teve acesso ao local onde o crime aconteceu, mas, no momento da reprodução simulada, que foi realizada na presença de testemunhas do crime, a imprensa foi afastada do local.

O delegado federal Jorge André Santos Figueiredo declarou que o crime, ocorrido 11 anos atrás, foi elucidado. "Na verdade, hoje a gente não está fazendo trabalho de apuração, o inquérito policial, na época, foi conduzido pela Polícia Civil e o processo tramitou na Justiça Estadual. Mas houve um declínio da competência para a Justiça Federal. O que estamos fazendo é atender ao pedido do Ministério Público Federal [MPF], que foi determinado pela Justiça Federal, para reconstituir o crime, retratando melhor como os fatos aconteceram", afirmou.


O crime


O assassinato do índio Itamar Ricardo da Silva aconteceu no dia 18 de dezembro de 2005, durante uma bebedeira nos fundos da residência de um dos acusados. A vítima teria sido atingida a tiros e, depois, esfaqueada, após uma discussão com os irmãos Ednaldo Ramos dos Santos, Edjalmo Ramos dos Santos e o falecido José Cícero Ramos. Segundo o pai da vítima, o cacique Antônio Ricardo, a vítima e os acusados tiveram um desentendimento relacionado a um jogo de futebol.

"Eles falaram palavrão, reclamando que meu filho estava colocando outras pessoas de fora para jogar em vez deles. Depois disso, eles ficaram com rixa", declarou o idoso, que também participou da reconstituição do crime, na condição de testemunha.

No entanto, na época do crime, a Fundação Nacional do Índio (Funai) elaborou um parecer antropológico indicando que o homicídio teve motivação ideológica, relacionada a uma disputa pelo poder que existia há cerca de 20 anos. Por conta disso, a tramitação do processo passou para o Ministério Público Federal.

O suspeito Edjalmo Ramos foi preso na época do crime, mas Ednaldo Ramos não foi encontrado. Em 2014, o processo em tramitação da 12ª Vara Federal foi desdobrado e, em abril deste ano, foi expedido mandado de prisão preventiva. Ednaldo Ramos se apresentou espontaneamente e teve vários pedidos de liberdade negados pela Justiça.


Simulação


De acordo com o delegado da Polícia Federal Jorge André Santos Figueiredo, a ação processual contra os dois irmãos está na fase final e a 12ª Vara Federal solicitou a realização da reconstituição do crime para complementar as provas que constam nos autos.

Segundo o perito criminal federal Walter Leão Júnior, durante todo o período em que o crime foi simulado, Ednaldo Ramos não colaborou com os trabalhos e permaneceu calado. O outro acusado do crime se recusou a assistir à reconstituição. "A reprodução simulada busca confrontar os depoimentos dados pelas testemunhas e o que foi explicado também pelo acusado. A partir desse confronto, vai se chegar a uma conclusão possível do que realmente aconteceu nesse homicídio", declarou.


Outro caso


A reconstituição não teve relação com o homicídio do índio João Natalício dos Santos, ocorrido no último dia 11, na mesma comunidade. As investigações desse caso, que estão sendo conduzidas pela Polícia Civil, apontam que o líder indígena foi vítima de latrocínio. "João Gogó", como era mais conhecido, estava em casa e se preparava para trabalhar na roça, ainda durante a madrugada, quando ouviu alguém chamando por seu nome do lado de fora. Ao abrir a porta, foi atacado a facadas.

Conforme o delegado regional de Palmeira dos Índios, Alexandre Melo Leite, os autores do crime deviam uma quantia de dinheiro à vítima. Após o homicídio, familiares do índio assassinado informaram à polícia que a vítima guardava dinheiro em casa e que o valor havia desaparecido. Na semana passada, o delegado que está no caso declarou que o inquérito estava próximo de ser concluído.



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