Um grupo formado por cerca de 100 indígenas viveu uma experiência diferente na última quinta-feira, 19, quando se comemorou o dia do índio. Em uma ação promovida pela Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania, por meio da coordenação de políticas para a população negra e indígena, os índios assistiram ao filme Xingu (Cao Hamburguer), no shopping D, e fizeram uma apresentação na estação Sé do metrô. No grupo, índios urbanos e aldeados (que vivem em aldeias), vindos de São Paulo e Miracatu, no Vale do Ribeira.
Entre adultos e crianças, alguns nunca tinham ido a um centro de compras, andado de escada rolante ou de metrô. "Foi muito bom sair da aldeia e vir a um lugar diferente como São Paulo. Alguns trechos do filme me emocionaram muito e as crianças ficaram muito felizes por terem passado o dia aqui, que vai ser inesquecível para elas", diz a professora Sandra Silva Rosário, da aldeia djaiko aty, em Miracatu.
Para outros, a experiência foi motivo de reflexão, como foi o caso de Jacileide Augusta Vilar Martins, 25, moradora do Jaraguá, em São Paulo. "[o filme] Me fez pensar e refletir, porque o homem branco só lembra do índio quando chega o mês de abril, e deveria pensar todos os dias".
Já na estação do Metrô, a integração entre índios urbanos e aldeados chamou atenção dos usuários dos trens. "É um momento importante, o índio é a nossa origem, isso não devemos esquecer. Eu não esqueço", afirmou o advogado José Alfredo Pereira A. Silva.
No dia em que "São Paulo se descobriu indígena", o cacique Lídio Benites, da aldeia Uri.Ity, em Miracatu, ressaltou que a tradição deve ser preservada. "Uma das coisas mais importantes é a nossa língua, queremos manter isso. Para nossa etnia, há o receio de que a mistura com outros povos acabe afastando a nossa cultura".
Dia do Índio
O Dia do Índio foi instituído em 1940, quando foi realizado, no México, o Primeiro Congresso Indigenista Interamericano, para o qual vários líderes indígenas foram convidados. No primeiro dia do evento, entretanto, muitos não compareceram, pois temiam retaliações. Mas após reuniões e reflexões, os indígenas resolveram participar, o que aconteceu no dia 19 de abril daquele ano.
Mais de setenta anos depois, a data é motivo para relembrar a luta permanente dos povos indígenas pela manutenção e o respeito à sua cultura, sem estereótipos ou a necessidade de isolamento. "Há uma folclorização do indígena, as pessoas os imaginam sempre caracterizados. Os indígenas são capazes de fazer tudo aquilo o que nós fazemos e se manterem indígenas", afirma o coordenador estadual de políticas para a população negra e indígena, Antônio Carlos Arruda.
http://www.saopaulo.sp.gov.br/spnoticias/ultimas-noticias/indios-urbanos-e-aldeados-interagem-com-a-capital-1/
PIB:Sul
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