Indígenas temem a exploração de petróleo na costa do Amapá prevista para acontecer a partir de 2018. A atividade deve provocar impactos ambientais em pelo menos quatro etnias que ficam ao norte do estado, acredita o professor Jacson Santos, de 42 anos, da tribo Karipuna.
"No futuro vai ter um impacto muito grande para nossa aldeia porque a nossa terra fica bem na costa do Amapá, onde vai ser centralizada a plataforma de exploração do petróleo. A gente já está ficando preocupado com alguns impactos, como vazamento de petróleo, na vazante do oceano que entra na terra indígena impactando quatro etnias", disse o professor.
Outra preocupação é a movimentação constante de aeronaves na região. Segundo o indígena, o barulho pode causar transtornos nas aldeias, que não estão acostumadas com sobrevoos.
"Não só quanto ao vazamento de petróleo, mas também quanto o barulho intenso dos aviões usados durante a exploração. A pista fica bem próxima das aldeias", acrescentou o indígena, falando sobre o uso que a empresa terá de fazer do aeródromo municipal de Oiapoque, que foi licenciado para funcionamento na quinta-feira (11).
Jacson Santos é índio da aldeia de Santa Izabel, que fica em Oiapoque, a 590 quilômetros de Macapá. Segundo ele, a exploração de minérios e a existência de garimpos ilegais também afetam a rotina dos quase 6 mil índios que vivem na região.
Em 2013, a Agência Nacional de Petróleo leiloou 14 blocos para exploração de petróleo na Foz do rio Amazonas que abrange a costa do Estado do Amapá e da Ilha de Marajó (Pará); e tem potencial para descoberta de gás e óleo leve. As pesquisas a serem realizadas pelas empresas têm duração de oito anos ao longo das costas dos municípios de Amapá, Calçoene e Oiapoque.
Uma das petrolíferas pode ganhar isenção de 13% na alíquota do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias (ICMS) cobrado na compra de combustível, caso a empresa instale base no estado.
A exploração do petróleo é um dos eixos que estão sendo discutidos durante o seminário ambiental "O Amapá que queremos ver", em Macapá, que também aborda as consequências das hidrelétricas, do uso irregular do solo e a mineração.
"A ideia foi abordar os principais vetores de destruição do bioma do estado do Amapá, dando vez à sociedade civil de falar, colocar suas demandas e ter espaço de fato. Se tem a ânsia de falar, mas não tem espaço. À princípio vamos fazer uma carta que englobe as principais demandas para que possa ser endereçada às autoridades competentes e também divulgada", falou uma das organizadoras do seminário, Carol Marçal, representante do Greenpeace.
Na segunda-feira (8), o Ministério Público Federal no Amapá (MPF-AP) recomendou ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama) a suspensão da exploração de petróleo no estado em função dos riscos não calculados aos recifes de corais recém-descobertos na costa do estado. O bioma aquático foi registrado em fotos e vídeos durante expedição inédita de pesquisadores do Greenpeace em janeiro.
O seminário iniciou nesta sexta-feira (12) e segue até a tarde de sábado (13). O encontro é aberto e gratuito e tem participação de representantes de movimento sociais, instituições governamentais, pesquisadores, além de ribeirinhos e indígenas.
http://g1.globo.com/ap/amapa/noticia/exploracao-de-petroleo-na-costa-do-ap-vai-afetar-rotina-de-4-etnias-diz-indigena.ghtml
PIB:Amapá/Norte do Pará
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