General do Exército é nomeado presidente da Funai

O Globo- https://oglobo.globo.com - 09/05/2017
Quatro dias depois de exonerar Antônio Fernandes Toninho Costa da presidência da Fundação Nacional do Índio (Funai), o governo publicou no Diário Oficial da União a nomeação do general do Exército Franklimberg Ribeiro Freitas para assumir o cargo interinamente. Ele ocupava desde janeiro a Diretoria de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável da Funai. A publicação desta terça-feira é assinada pelo ministro da Casa Civil Eliseu Padilha.

Franklimberg já era cotado para assumir a presidência da fundação desde o ano passado sob a indicação do Pastor Everaldo (PSC-RJ). Apesar de ter sido apadrinhado pelo PSC, Franklimberg não é filiado ao partido. Ele é ligado ao general da reserva do Exército Sebastião Peternelli, que foi indicado pelo PSC, no ano passado, para a presidência da Funai, mas rejeitado pelo então ministro da Justiça Alexandre de Moraes devido à resistência de lideranças indígenas. O PSC trabalha para que Franklimberg seja efetivado no cargo.

A assessoria de imprensa da Funai afirmou que Franklimberg tem familiares indígenas, mas negou que eles sejam Mura e não informou a qual etnia pertencem. Ainda de acordo com a assessoria, o presidente interino da Funai não se declara indígena.

General reformado do Exército, Franklimberg foi comandante da 1ª Brigada de Infantaria de Selva em Boa Vista, de 2010 a 2012, quando coordenou, segundo a assessoria de imprensa da Funai, a retirada de garimpeiros da Terra Indígena Yanomami (RR). Ainda no Comando Militar da Amazônia (CMA), ele comandou, segundo material de divulgação da Funai, a operação logística que permitiu a demarcação da Terra Indígena Kayabi (norte do Mato Grosso e sudoeste do Pará).

No CMA, Franklimberg foi chefe do centro de operações, assessor de relações institucionais e assessor parlamentar.

Natural de Manaus, ele estudo no Colégio Militar do Rio de Janeiro, na Academia Militar das Agulhas Negras e fez doutorado em Ciências Militares na Escola de Comando e Estado Maior do Exército.

A troca de comando na Funai se dá em meio a uma onda de conflitos entre indígenas e fazendeiros. Na semana passada, um ataque a índios no interior do Maranhão deixou ao menos 13 feridos.

Após ser exonerado, Costa afrmou que sua saída se deu por não acatar indicações políticas - de pessoas que "nunca viram índios na vida" - e por ter um ministro comprometido com a bancada ruralista.

- Não permiti e jamais poderia permitir (indicações políticas), porque a Funai é composta de cargos técnicos e de servidores concursados. E jamais poderia deixar entrar na instituição pessoas que não têm nenhum compromisso com as causas indígenas - disse Costa em entrevista coletiva na sexta-feira passada.

Em mensagem à 'GloboNews', o ex-presidente da Funai afirmou que sua exoneração se deu por não acatar uma tentativa do líder do governo no Congresso, deputado André Moura (PSC-SE).

Em nota, o ministro da Justiça e Segurança Pública Osmar Serraglio respondeu ao ex-presidente da Funai. Para Serraglio, o órgão necessita de uma "melhor gestão", que seja "mais ágil e eficiente" e cita como ações urgentes o desbloqueio de rodovias e a liberação de linha de transmissão de energia em terras indígenas, em Roraima.

Além da nomeação de Freitas, o governo decidiu exonerar a diretora de Administração e Gestão da Funai Janice Queiroz de Oliveira e nomear para o cargo Francisco José Nunes Ferreira.



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