Concurso de soletrar preserva a linguagem indígena em escola de aldeia em Avaí

G1 - https://g1.globo.com - 21/10/2017
Mesmo sem perceber muitas palavras da nossa língua portuguesa tem origem no tupi-guarani, uma das principais línguas dos índios do Brasil. Os termos indígenas estão no nosso dia a dia e vão desde palavras como aipim até gírias como inhaca (para identificar aquela sujeira bem nojenta) e toró (quando cai uma chuva daquelas).

Só que enquanto o português tem as regras bem definidas há tempos nos livros de gramática, um dialeto falado por uma comunidade indígena da região de Bauru ganhou recentemente um livro com as orientações para o correto uso da língua Nhandewa-Guarani.

A obra é uma parceria da Unicamp com a Funai e os índios que vivem na aldeia Nimuemdaju, que fica em Avaí.

"Hoje a gramática nos ajuda muito, porque os antigos falavam muito do jeito deles e com a gramática a gente exercita o jeito certo mesmo de falar e escrever a nossa língua. Ela dá o acompanhamento no português, mas tudo traduzido na nossa língua, o Nhamdewa-Guarani", destaca o cacique Claudino Marcolino.

É o documento que faltava pra garantir a perpetuação do idioma deles. E agora na escola indígena de Nimuendaju, está todo mundo focado em acertar a gramática. E para isso, os professores estão usando um jeito bem conhecido para exercitar com os jovens - um concurso de soletrar.

"Nós acompanhamos a programação da televisão e vimos o quadro 'Soletrando' e resolvemos adaptar para a nossa escola para promover a escrita tanto na língua portuguesa como na indígena. Esse ano nós conseguimos publicar alguns livros na nossa língua então é uma oportunidade dos alunos utilizarem esse material", explica o coordenador da escola Tiago de Oliveira.

O concurso de soletrar as palavras do dialeto local tem prêmio - tablets para aqueles com as melhores pontuações. A cada etapa os estudantes recebem por sorteio duas palavras: uma em português e outra na língua indígena.

Todos os alunos da escola indígena participam do concurso. Eles são divididos em grupos conforme a série que estão cursando. São várias etapas e até chegar aos vencedores serão quatro meses.

"É importante tanto para língua portuguesa quanto para matriarcal, o nosso idioma, ajuda na escrita, na leitura e estimula a vontade de aprender mais", ressalta o estudante João Victor Pereira. "É bom estar aprendendo e brincando, aprendendo as palavras da nossa língua e o português também, correto, porque nós vamos precisar disso quando sairmos daqui, formos para a faculdade", completa Elber Cristiano da Silva.



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