Turismo de pesca em transformação no AM

A Crítica, Cidades, p. C4 - 04/10/2018
Turismo de pesca em transformação no AM
Terras Indígenas receberão pescadores por meio de um projeto de turismo sustentável com protagonismo próprio

A pesca esportiva atrai cerca de 10 mil turistas ao Amazonas por ano, movimentando algo em torno de R$ 50 milhões. Os dados foram divulgados pelo governo estadual no primeiro workshop sobre o setor realizado esse ano em Manaus. Porém, sem que haja fiscalização e ordenamento, a atividade gera danos ao meio ambiente e à segurança alimentar das populações tradicionais. Nesse contexto, surgiu uma aliança inovadora entre comunidades indígenas, ONGs, órgãos do governo e empresas para construir de modo participativo o modelo mais adequado para a regularização do turismo de pesca esportiva, respeitando os direitos indígenas e a legislação vigente.

Com protagonismo da Associação das Comunidades Indígenas do Médio Rio Negro (ACIMRN) e da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn), as conversas se iniciaram em 2009 e tiveram o acompanhamento do Ministério Público Federal (MPF).
Em parceria com o Instituto Socioambiental (ISA), Foirn (Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro), Funai e Ibama foi possível construir e colocar em prática um modelo pioneiro de turismo de pesca esportiva sustentável e de base comunitária, afastando invasores e empresas que exploravam a região de maneira predatória e sem respeitar a cultura dos povos tradicionais.
A experiência pioneira realizada no Rio Marié a partir de 2013 trouxe aprendizados para dar esse importante passo no Município de Santa Isabel do Rio Negro.

ORDENAMENTO
Nas duas terras indígenas onde foi realizado o ordenamento para pesca esportiva (Juruba-xi-Téa e Uneiuxi) moram indígenas dos povos Arapaso, Baniwa, Baré, Desana, Coripaco, Nadêb, Pira-Tapuya, Ticuna, Tukano e Tariana.
Parte desse território está sobreposto à APA (Área de Preservação Ambiental) de Tapuruquara, criada em 2001 pelo município de Santa Isabel do Rio Negro.
Algumas iniciativas em parceria com a cidade com vistas ao ordenamento e planejamento do uso dos recursos nessa área foram iniciadas, mas não tiveram continuidade.
"O modelo de turismo de pesca esportiva de base comunitária contribui para a gestão e proteção das terras indígenas e gera renda localmente. Ainda há muitos desafios, especialmente para que os setores público e empresarial adequem-se à legislação e comprometam-se a promover o desenvolvimento sustentável da região, em parceria e respeitando os direitos indígenas", ressalta Camila Barra, antropóloga do ISA, lembrando que essa iniciativa obedece diretrizes da Instrução Normativa (IN) 03/2015, da Funai, que regulamenta a atividade turística em Tis.
OUTRO PATAMAR
O inovador ordenamento participativo da pesca esportiva nas Tis Jurubaxi-Téa e Uneuixi coloca o Brasil em outro patamar de desenvolvimento dessa atividade no País, segundo o especialista em pesca esportiva, Kelven Lopes. O rio Negro é um polo reconhecido internacionalmente e pode se tornar o grande destino para a pesca esportiva de tucunarés-açu na Amazônia.
"O projeto de turismo de pesca esportiva de base comunitária é sustentável e economicamente viável, dando ao Brasil uma elevada condição de destino número um para turismo de pesca de tucunaré-açu", ressalta Kelven Lopes.

A Crítica, 04/10/2018, Cidades, p. C4
PIB:Noroeste Amazônico

Related Protected Areas:

  • TI Uneiuxi
  • TI Jurubaxi-Téa
  •  

    As notícias publicadas neste site são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.