Na primeira quinzena de julho, a Funai acompanhou o Encontro Ampliado Avá-Canoeiro, que reuniu os parentes da Terra Indígena Avá-Canoeiro (GO) e os da Terra Indígena Parque do Araguaia (TO). O evento tem como pano de fundo a reconhecida força dos Avá-Canoeiro pela manutenção do seu mundo, e foi idealizado pelos dois grupos como meio de fortalecer sua organização política e cultural, a memória e a língua materna Âwa (modo como se autodenominam).
Como detalham os registros e a memória histórica regional, os Avá-Canoeiro habitavam as cabeceiras do Rio Tocantins até a segunda metade do século XVIII. Os sucessivos massacres que se deram a partir da entrada dos primeiros colonizadores do Brasil Central dizimaram a maior parte dessa população. O grupo sobrevivente persistia na decisão do não contato e, em meio aos diversos conflitos, acabou se dispersando. Dos grupos dos quais se tem notícia, um permaneceu na região do Alto Rio Tocantins, e outro chegou à bacia do Rio Araguaia por volta de 1830. Aos mencionados massacres se sucederam ainda muitas injustiças e tentativas de extermínio, as quais levaram esse povo a uma quase extinção.
O Encontro Avá-Canoeiro acontece emblematicamente como reunião do povo Âwa, que se organiza estimulado pelo pensamento acerca da proteção e promoção de sua história, cultura e territórios Entre os dias 08 e 13 de julho, os indígenas dos dois grupos aqui citados se reuniram na Aldeia Avá-Canoeiro (TI Avá-Canoeiro) a fim de reforçar laços e praticar atividades tradicionais, além de discutir questões relacionadas à ocupação de seus territórios e à sua reprodução física e cultural. Ana Rita Sousa Almeida, indigenista que acompanhou o evento pela Coordenação-Geral de Índios Isolados e de Recente Contato (CGIIRC), afirma que "o Encontro vinha sendo pensado há bastante tempo. Os dois grupos não se reviam há mais de dez anos. O momento foi registrado pelos Avá-Canoeiro da Terra Indígena Parque do Araguaia, os quais têm desenvolvido trabalho audiovisual de grande expressividade e importância para a documentação da memória e língua de seu povo". Natan Pires Barros, agente em indigenismo na Coordenação Regional Araguaia Tocantins, completa: "O anseio pelo Encontro se deu principalmente por causa do longo tempo em relação ao anterior. Ambos os grupos manifestaram o desejo de, a partir de agora, realizá-lo constantemente, tanto no Parque do Araguaia (TO) quanto em Minaçu (GO), uma forma de fortalecer a cultura e a união entre as famílias".
Representada pela Coordenação Técnica Local de Minaçu, pela Coordenação Regional Araguaia Tocantins e pela Coordenação-Geral de Índios Isolados e de Recente Contato, a Funai colaborou com operações logísticas, aproveitando a oportunidade para qualificar e atualizar informações socioambientais acerca dos dois grupos, mediante modelo de diagnóstico desenvolvido pela Coordenação de Políticas para Povos Indígenas de Recente Contato.
http://www.funai.gov.br/index.php/comunicacao/noticias/5534-apos-dez-anos-reencontro-entre-grupos-ava-canoeiro-promove-fortalecimento-politico-e-cultural
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