MP, polícia e FAB combatem garimpo ilegal em aldeia indígena na Amazônia

CNN Brasil - https://www.cnnbrasil.com.br - 05/08/2020
Uma operação do Ministério do Meio Ambiente, Ibama, Força Aérea Brasileira, em conjunto com a polícia civil de Goiás, desarticulou um garimpo ilegal no sul do Pará, nas terras dos índios Mundurucú. De acordo com o balanço preliminar do MMA, foram apreendidos um trator, 15 motores usados em garimpos, 13 acampamentos, uma motosserra e oito compartimentos de combustível.

Os agentes que participaram da operação deixaram Brasília à meia-noite desta terça-feira com destino ao Campo de Provas Brigadeiro Velloso, conhecido como base aérea do Cachimbo, no Pará. A reportagem da CNN acompanhou toda a ação.

Por volta de oito da manhã, três helicópteros que faziam parte da operação decolaram em direção ao garimpo. O local de difícil acesso, no meio da Amazônia, fica a ceca de duas horas e meia da base

Pouco após a decolagem, já era possível observar diversos garimpos em meio a um oceano de árvores. A maioria tem pistas de pouso para pequenos aviões.

Durante o sobrevoo do alvo da missão, vimos pelo menos três máquinas de garimpeiros sendo incineradas, barracões abandonados e algumas pessoas correndo. Agentes que participaram da ação explicaram que é comum os garimpeiros priorizarem um esconderijo para o outro, do que tentar fugir do local. A região na qual estava o garimpo se tornou um imenso descampado em formato cicatriz, que se estende do meio da mata até o Rio Tapajós.

O ministro do Meio Ambiente contou que há uma expectativa de que a Força Nacional Ambiental, que foi determinada pelo presidente Jair Bolsonaro, deva estar em operação até o ano que vem. "Enquanto ela não existe, nós estamos juntando Forças Armadas, ICMBio, Policia Federal e Força Nacional e é sempre bom também poder contar com o apoio das polícias militares estaduais".

Após cerca de meia hora sobrevoando o local do garimpo, o helicóptero teve que reabastecer no município de Jacareacanga. De acordo com secretário de Meio Ambiente do município, Éverton Salles da Silva, uma das maiores barreiras da cidade, que tem cerca de 40 mil habitantes, é a quantidade de processos parados que pedem a legalização dos pequenos garimpos. "As multinacionais, as grandes empresas, requereram juntamente na Agência Nacional (de Mineração), antigo DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral) e dificultou para os pequenos garimpeiros se legalizarem aqui conosco". Segundo o secretário, cerca de 90% dos que nascem no município do Pará sobrevivem da atividade de exploração, inclusive os indígenas, que representam cerca de 37% da população.

No Congresso Nacional atualmente tramita um projeto de lei do Governo que regulamenta a exploração de recursos minerais em terras indígenas e estabelece regras para a utilização dos recursos hídricos da região para a geração de energia elétrica. A proposta foi apresentada em fevereiro e aguarda a criação de uma comissão temporária pela mesa.

Protesto
Durante a parada em Jacarepanga, um grupo de pessoas protestou contra as operações, que desativam garimpos. No meio da manifestação, uma pessoa gritou "fora Maia" e um carro de som passou dizendo "vamos juntos nesta carreata pacífica junto com ele, o nosso vice-presidente Hamilton Mourão e a sua comitiva por terem vindo de tão longe". O garimpeiro e líder dos Munducurú, Valdemiro Manuário de direcionou ao ministro Ricardo Salles: Não foi essa conversa que nós conversamos quando estive em Brasília. Disseram e afirmaram que não iria ter esse queima queima. Estou falando aqui frente a frente, olho no olho, porque é isso que não iria acontecer".


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PIB:Sudeste do Pará

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