Polícia confirma que indígena Guajajara morto a tiros no MA foi vítima de emboscada

g1 MA - https://g1.globo.com/ma/maranhao/noticia/ - 15/09/2022
Polícia confirma que indígena Guajajara morto a tiros no MA foi vítima de emboscada
O indígena Antônio Cafeteiro Silva Guajajara foi assassinado com seis tiros no domingo (11), no município de Arame. Ele morava na aldeia Lagoa Vermelho, na Terra Indígena (TI) Arariboia.

Por Geisa de Almeida, g1 MA* - São Luís, MA
15/09/2022

A Polícia Civil confirmou que o indígena Antônio Cafeteiro Silva Guajajara, morto com seis tiros no domingo (11), foi vítima de uma emboscada. O crime aconteceu na estrada do Povoado Jiboia, no município de Arame, a cerca de 600 km de São Luís. Esse é o terceiro assassinato de indígenas da etnia Guajajara em menos de duas semanas no Maranhão.
No dia 3 de setembro, Janildo Oliveira Guajajara, que já foi Guardião da Floresta, foi assassinado com tiros nas costas, em Amarante do Maranhão. Já no município de Arame, Israel Carlos Miranda Guajajara morreu após ser atropelado e a polícia confirmou que se trata de um caso de homicídio.
O delegado da Polícia Civil de Arame, Tiago Castro, informou ao g1 Maranhão que Antônio Cafeteiro estava saindo de uma festa quando foi atingido pelos disparos, indo a óbito ainda no local do crime. O suspeito de executar o indígena, que ainda não foi identificado, estava em um veículo de cor branca.
"Ao que indica foi uma emboscada para sair da festa e o indivíduo passou em um carro, com os faróis apagados, desceu do carro e efetuou os disparos. Possivelmente foi só um indivíduo que tenha realizado a execução. A gente está diligenciando para identificar esse carro, ao que tudo indica é uma caminhonete branca", disse.
A polícia também confirmou que a vítima estava com uma arma de fogo municiada quando foi assassinada. A companheira de Antônio Cafeteiro, que é testemunha ocular do crime, já prestou depoimento e deve ajudar a identificar o carro em que o atirador estava.
A vítima morava na aldeia Lagoa Vermelho, na Terra Indígena (TI) Arariboia. A polícia ainda trabalha na construção de uma linha investigativa sobre o que teria motivado o crime.
Polícia ouve testemunhas de assassinato de indígena no Maranhão
Segundo o Instituto Socioambiental, os Guajajara são um dos maiores grupos indígenas do país e vivem em diferentes regiões do estado do Maranhão. Na TI Arariboia, indígenas da etnia participam do grupo conhecido como Guardiões da Floresta, criado pelos próprios indígenas para proteger seu território. Os guardiões atuam para identificar e vigiar as trilhas abertas por madeireiros ilegais e flagrar a ação dos criminosos.
Violência contra os Guajajara
De acordo com o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), nos últimos 10 anos já foram registrados ao menos 35 casos de assassinatos de indígenas no Maranhão, muitos deles na região da Terra Indígena Arariboia, onde moram os Guajajara.
Um caso de grande repercussão aconteceu em novembro de 2019, quando o indígena Paulo Paulino Guajajara, também conhecido como o "Lobo Mau", foi morto em uma emboscada. Um madeireiro identificado como Márcio Gleik Moreira Pereira também morreu em uma troca de tiros, e o indígena Laércio Sousa Silva sobreviveu.
Sobre este caso, Justiça Federal determinou que Antonio Wesly Nascimento Coelho e Raimundo Nonato Ferreira de Sousa irão a júri popular. Eles se tornaram réus após uma denúncia feita pelo Ministério Público Federal (MPF) e vão responder por homicídio qualificado por motivo fútil e eventual emboscada.
A dupla também vai responder pela tentativa de homicídio por suposto motivo fútil e emboscada contra o indígena Laércio Sousa Silva, com agravante de ofensa indígena. Além disso, os réus também irão a júri popular pela posse arma ilegal de fogo.
Para o MPF, os crimes contra a vida foram agravados por terem atingido a comunidade indígena, uma vez que foram cometidos contra aqueles que lá estavam para proteger a terra e cultura indígenas.
Além disso, foram cometidos também por motivo fútil, com a finalidade de reaver uma motocicleta, e de forma que dificultou a defesa da vítima, tendo em vista o elemento surpresa destacado no contexto em que foram efetuados os disparos de arma de fogo.
*Matéria realizada sob supervisão de Rafael Cardoso, g1 MA.

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PIB:Goiás/Maranhão/Tocantins

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