https://www.gov.br/funai/pt-br/assuntos/noticias/2022/no-acre-funai-realiza-diagnostico-produtivo-em-aldeias-da-etnia-madija
ACoordenação Regional (CR) Alto Purus, unidade descentralizada da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Rio Branco (AC), apresentou no último dia 6 os resultados do Diagnóstico Produtivo das Aldeias Madija da Terra Indígena Alto Rio Purus, localizada nos municípios de Santa Rosa do Purus e Manoel Urbano (AC). O projeto foi coordenado pela Funai, por meio da CR Alto Purus, e ocorreu em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e o Governo do Acre.
Os resultados foram apresentados durante reunião interinstitucional realizada na capital do estado do Acre com a presença de outras instituições, como o Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Alto Rio Purus, Ministério Público Federal (MPF), Secretaria de Estado de Produção e Agronegócio (Sepa) e Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Políticas Indígenas (Semapi). O diagnóstico produtivo buscou levantar demandas dos Madija e fornecer subsídios para planos de ação multi-institucionais nas áreas de produção, etnodesenvolvimento, saúde e assistência social.
Além de coordenar o diagnóstico produtivo, a CR Alto Purus foi responsável pela articulação interinstitucional, planejamento metodológico, logística de deslocamento e mobilização dos indígenas, pagamento de diárias de colaboradores Madija que atuaram como intérpretes e tradutores, além de sistematização, processamento e análise dos dados.
Pelo diagnóstico, todas as famílias entrevistadas na amostragem possuem em média de dois a três roçados de terra firme de idades diferentes, bem como boa frequência de pesca, caça e extrativismo de produtos da mata. Também foram levantados dados sobre a diversidade de espécies nas áreas, tendo como resultado a ocorrência de 43 espécies nas unidades agrícolas, 14 espécies coletadas na mata, 26 espécies obtidas por meio da caça e 22 por meio da pesca, além de três espécies na criação animal. Foram coletadas, ainda, amostras do solo dos roçados Madija para serem analisadas pelo Laboratório de Solos da Embrapa no Acre.
A análise produtiva foi realizada em razão de denúncias de alta taxa de mortalidade infantil na Terra Indígena Alto Rio Purus. O objetivo foi averiguar se a desnutrição infantil na região estaria associada a uma possível perda de soberania e segurança alimentar. O diagnóstico apontou que não é possível se falar em perda de soberania e segurança alimentar nas aldeias Madija visitadas, considerando que há uma complementaridade de atividades produtivas realizadas pelos indígena Madija voltadas ao autoconsumo nas aldeias.
A amostragem do diagnóstico coordenado pela CR Alto Purus se baseou nos dados de avaliação nutricional fornecidos pelo DSEI Alto Rio Purus. Uma em cada quatro crianças Madija classificadas como baixo peso ou muito baixo peso pelo DSEI tiveram suas unidades familiares entrevistadas e unidades produtivas visitadas. Dez das quinze aldeias com alta prevalência de desnutrição foram visitadas pela equipe de campo e tiveram suas lideranças entrevistadas com apoio de colaboradores intérpretes Madija que compuseram a equipe.
Sobre os casos de desnutrição e mortalidade infantil na Terra Indígena Alto Rio Purus, a equipe técnica envolvida no diagnóstico apontou que as principais causas que constam nos boletins epidemiológicos do DSEI Alto Rio Purus se referem a moléstias infecciosas e parasitárias, bem como doenças e infecções respiratórias, além de quadros de diarreia e vômito.
O diagnóstico mostrou também como 91% da água consumida nas aldeias é obtida em cacimbas, das quais 40% não possuem cerceamento e 54% não possuem cobertura, apontando para a necessidade de se realizar um melhoramento das estruturas das cacimbas para prevenir que a água consumida seja contaminada, bem como investir em tratamento de água e saneamento básico nas aldeias da Terra Indígena Alto Rio Purus.
PIB:Acre
Related Protected Areas:
- TI Alto Rio Purus
As notícias publicadas neste site são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.