Artesanato e remédios tradicionais feitos por indígenas são vendidos durante mobilização em Boa Vista

G1 Roraima - https://g1.globo.com - 06/08/2024
Produtos são vendidos na mobilização contra o Marco Temporal, que ocorre até esta terça-feira (6) no Centro Cívico de Boa Vista. Também são vendidas pimentas e sabonetes vegetais.

Brincos, cordões e pulseiras produzidos de forma artesanal e até remédios da medicina tradicional indígena de Roraima são vendidos durante a mobilização contra o PL 490, conhecido como Marco Temporal, que ocorre nesta terça-feira (6) em Boa Vista.

Os produtos são vendidos no Centro Cívico, onde indígenas dos povos Macuxi, Taurepang e Wapichana se manifestam contra a tese que discute as demarcações de terras indígenas no Brasil.

Joias, pimenta, peixe, mel, artigos de crochê, ecobag com grafismo indígena, sabonete vegetal e remédios naturais, como óleos de copaíba e andiroba - plantas medicinais - são vendidos em dez stands organizados no local, onde artesãos e agricultores comercializam o que produzem.

A artesã Maria Bethânia, de 35 anos, viu a oportunidade de expor as pulseiras e brincos dos mais variados tipos, como os feitos com caroços de açaí, produzidas pelas mulheres Macuxi da comunidade Aningal, na Terra Indígena Aningal, localizada no município de Amajari, ao Norte de Roraima.

"A gente sempre participa das mobilizações para também fazer a exposição do artesanato indígena, pois é importante a gente se fazer presente em cada espaço, estar levando nosso artesanato para divulgar, para mostrar que temos a sustentabilidade no nosso território", explicou Maria.

O grupo é composto por 15 mulheres, entre lideranças e jovens, que contribuem na renda da comunidade por meio do artesanato. O trabalho é totalmente manual e algumas peças são feitas durante um dia todo. As peças feitas por elas tem preços que variam de R$ 5 a R$ 30.

Durante o mobilização também são vendidos sabonetes vegetais e remédios medicinais, feito com ervas e plantas naturais, como a copaíba. Eles são produzidos por Tati Peppe, de 46 anos, do povo Macuxi, que viu no evento a oportunidade aumentar a renda e dar mais visibilidade ao trabalho.

"A gente veio promover a nossa medicina aqui, que é uma das culturas, o conhecimento do nosso povo. São sabonetes hidratantes, que promovem a cicatrização, protege a pela de bactérias, reduz a inflamação, todos eles baseados no conhecimento da nossa medicina indígena", contou ela.

Além de joias, a artesã e agricultora Andressa de Souza, de 21 anos, levou molhos de pimentas tradicionais e com tucupi, caldo derivado da raiz da mandioca, além de peixes, como a "piabinha" para vender no evento.

Os produtos são feitos por moradores da Região das Serras, na terra indígena Raposa Serra do Sol, localizada no município de Normandia, onde Andressa vive. As pimentas vendidas por ela custam R$ 20 e 30, o 1kg do peixe é R$ 40.

"Estar aqui é importante para a nossa renda, ajuda na renda das nossas famílias. São coisas sustentáveis, que consumimos no nosso cotidiano, um material que a natureza oferece para a gente e nós usamos", disse.

Para ela, participar da manifestação também é parte da luta em defesa dos direitos dos povos originários do Brasil e uma prova do quanto são "unidos e fortalecidos", independente de onde estejam.

"Isso é parte da nossa luta. Nós somos capazes de continuar e defender o nosso direito, que já é garantido", afirmou.
Os produtos devem ser comercializados até terça-feira (6). Caso alguém tenha interesse em comprar algum produto durante a mobilização, os artesãos aceitam o pagamento feito em dinheiro ou PIX.

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