A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) segue monitorando a situação envolvendo um jovem indígena isolado da Terra Indígena Mamoriá Grande, localizada entre os municípios de Pauini e Lábrea, no Amazonas, que interagiu com a sociedade não indígena do entorno no dia 12 de fevereiro. Desde o ocorrido, a Funai e a Secretaria de Saúde Indígena (Sesai) têm atuado de forma contínua para garantir a proteção territorial e sanitária do grupo isolado.
O jovem indígena, que retornou à floresta após a interação inicial, se reencontrou, junto à sua família, com a equipe da Frente de Proteção Etnoambiental Madeira-Purus (CFPE-Madpur). Desde então, os órgãos responsáveis seguem acompanhando a família e apurando as razões que levaram ao contato voluntário. A hipótese principal é que o grupo enfrentou dificuldades para realizar seu deslocamento tradicional aos igarapés da Terra Indígena, movimento comum durante a transição do verão amazônico para o período de chuvas.
A interação inicial ocorreu na comunidade ribeirinha de Bela Rosa, localizada a cerca de 5 quilômetros da Base de Proteção Etnoambiental (Bape) Mamoriá Grande. Imediatamente, foi acionado o plano de contingência para situações de contato, conduzido pelas equipes da Funai e Sesai. Essas equipes permanecem em prontidão na Bape, na comunidade de Bela Rosa e em outras áreas próximas ao local do contato.
Diante desse cenário, o Estado brasileiro, por meio da Funai e Sesai, mantém a execução da política indigenista de proteção territorial e de saúde, garantindo o acompanhamento contínuo da família indígena. As equipes técnicas seguem monitorando a situação em campo e planejando os próximos passos para assegurar a proteção do povo indígena isolado da Terra Indígena Mamoriá Grande.
Portaria de restrição de uso
Em 11 de dezembro de 2024, foi publicada a portaria de restrição de uso referente à área de Mamoriá Grande. A medida foi um importante passo para proteger os povos indígenas isolados da região, cuja presença foi oficialmente confirmada pela Funai em 2021.
A área de Mamoriá Grande, além de abrigar esses grupos vulneráveis, apresenta cerca de 20% de sobreposição com a Reserva Extrativista (Resex) Médio Purus. A proposta de interdição é resultado dos trabalhos criteriosos e minuciosos de localização e monitoramento de povos indígenas isolados, por meio da Frente de Proteção Etnoambiental Madeira Purus (FPE MadPur). Tal proposta contou também com um intenso diálogo com os moradores da Resex e baseou-se no plano de manejo da reserva, garantindo o menor impacto possível para a população local enquanto garante a proteção dos povos isolados. Até o momento, a Funai já implementou duas Bases de Proteção Etnoambiental na região para monitorar e proteger o território.
Principais ameaças enfrentadas pela área
A área de Mamoriá Grande enfrenta uma série de desafios que tornam urgente a sua interdição legal. Entre as principais ameaças estão a especulação fundiária; os conflitos locais, sob a forma de ameaças provenientes de moradores da Resex Médio Purus contra indígenas e servidores da Funai; e a ausência de respaldo legal para fiscalização, tendo em vista que antes da publicação da portaria, a Funai não possuía previsão legal para realizar fiscalizações adequadas no território.
A interdição de Mamoriá Grande, em cumprimento à missão da Funai de proteger e promover os direitos dos povos indígenas do Brasil, respaldada por dispositivos legais como o artigo 231 da Constituição Federal e o Decreto no 1.775/96, impede a exploração de recursos naturais e restringe o acesso de terceiros à área. A medida visa salvaguardar a vida dos indígenas isolados, extremamente vulneráveis a pressões externas e impactos ambientais.
https://www.gov.br/funai/pt-br/assuntos/noticias/2025/funai-acompanha-familia-de-indigena-isolado-da-terra-indigena-mamoria-grande
PIB:Juruá/Jutaí/Purus
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