Índios conseguem repasse de verba

O Povo Fortaleza - 06/03/2008
Uma manifestação ontem de cerca de 150 indígenas reivindicava o repasse de recursos destinados à saúde, que estava atrasado

O atraso do repasse de recursos deixou muitos indígenas sem assistência por cerca de três meses. Essa foi a principal reivindicação durante a manifestação, ontem, em que cerca de 150 índios ocuparam a sede a Fundação Nacional de Saúde (Funasa). Eles queriam o dinheiro que o órgão encaminha para a assistência à saúde dos indígenas. Chegaram às 9 horas e saíram às 16h30min.

Fernando Marciano Santos, da tribo tremembé, de Almofala, explica que os recursos partem de um convênio feito com o Ministério da Saúde, destinados a atender pacientes indígenas, com ações complementares. O índio fala que foi informado, ontem, de que uma liminar do Ministério do Trabalho impediu o repasse dos recursos da Funasa para entidades não-governamentais. A liminar foi derrubada há alguns dias, mas o dinheiro ainda não foi dado aos índios. "A gente não sabia dessa informação da liminar", afirmou.

A Fundação deveria ter repassado logo o dinheiro aos índios, diz Nailto Ferreira, tapeba de Caucaia: "Eles alegaram que havia a burocracia, os trâmites". Segundo ele, a documentação de garantia dos recursos foi entregue aos índios. Se não tivesse ocorrido essa manifestação, acredita, não teria havido esta conquista. "Esta vitória é fruto da nossa pressão", afirmou Nailto, que é presidente da Coordenação das Organizações dos Povos Indígenas no Ceará (Copice).

O dinheiro é para custear ações como deslocamento de pacientes indígenas a instituições de urgência e emergência, em caso de necessidade. Tem o valor de R$ 700 mil para todas as tribos do Estado e é repassado anualmente, em três parcelas. Segundo o cadastro da Funasa, o dinheiro beneficia 19 mil pessoas de oito etnias. Fernando Marciano cita que três indígenas de Itarema, da tribo tremembé, morreram ano passado. A carência de atendimento teria contribuído. "A gente ainda tem o diagnóstico, mas se tivéssemos com o recurso, a gente teria agilizado", declara.

Nailto Ferreira diz que outros problemas também foram discutidos com membros da Funasa. Entre eles, a falta de água potável nas aldeias, uma das principais dificuldades dos indígenas. Nos postos de saúde, faltam medicamentos e as equipes nunca estão completas, com médicos e enfermeiros. Sempre falta algum profissional. De acordo com ele, os problemas foram apresentados e eles esperam por soluções.

No fim da tarde de ontem, O POVO tentou falar com a diretoria da Funasa. Ligações foram feitas para o número do celular do diretor, Guaracy Aguiar. A mensagem informada foi de que o número não estava recebendo chamadas. Na sede da Fundação, ninguém atendeu.
PIB:Nordeste

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