O administrador regional da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Tabatinga, na fronteira com a Colômbia, Davi Félix Cecílio, afirmou que a cocaína está presente em praticamente todas as 230 comunidades indígenas sob sua jurisdição, que corresponde a um total de 54 mil índios.
Ele admitiu que em determinadas comunidades, como Umariaçu, um em cada cinco jovens indígenas desenvolveu a dependência da cocaína, e que os traficantes estão usando os índios como "mulas" para o transporte da droga.
O administrador da Funai afirmou já ter procurado a Polícia Federal para coibir o tráfico em Umariaçu. Segundo ele, A PF realizou uma rápida operação sem resultados efetivos.
Segundo Cecílio, a Funai não tem conseguido combater esse tipo de problema, pois não tem competência legal para isso. "O governo brasileiro, por meio da Funai, tem que criar mecanismos para a população indígena, senão eles vão se envolver nas drogas. Tem que oferecer alternativas como cursos profissionalizantes", disse o administrador da Funai.
"Nós estamos no fim do Brasil, na faixa de fronteira. A invasão dos nossos companheiros dos países vizinhos, colombianos e peruanos, é constante. São traficantes. As pessoas envolvidas com drogas estão usando os índios tikuna, kokama, kanbeba, kaixana, kanamari, vitota como mulas, transportando as drogas."
Cecílio informou que quatro índios kokama estão presos em Manaus, desde a semana passada, por causa do tráfico de cocaína. "Quando o índio se envolve na cocaína, abandona o estudo, não trabalha na agricultura, porque o mandante oferece dinheiro para ele passar de canoa ou de barco pequeno. Aí eles são pegos."
Ele manifestou também preocupação com a situação dos outros índios. "Eu, como administrador da Funai regional, trabalho preocupado com a situação que os meus parentes enfrentam hoje, porque estão envolvidos nas drogas. Cada pai de família está preocupado com os filhos, porque eles estão se matando com a força da droga."
PIB:Solimões
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