Índios Juma tentam voltar para seu território

O Brasil do B - oglobo.globo.com/rio/ancelmo/brasildob/ - 25/09/2008
Retirados de suas terras há uns 10 anos, o povo Juma tenta voltar para seu território, às margens do igarapé Joari, a fluente da margem direita do baixo rio Açuã, no Sul do estado Amazonas, no município de Canutama, perto da cidade de Lábrea. A área tem uns 38.700 hectares. As informações fazem parte de uma ação civil pública contra a União, encarnada neste caso na Funai, em favor da etnia Juma que o Ministério Público Federal move na Justiça. A idéia é que os índios possam voltar imediatamente para as terras tradicionalmente ocupadas pelo seu povo. Mas mais uma briga de procuradores na região Norte ou de índios que querem terras na Amazônia, Bernardo?

Há de me perguntar, com alguma razão, o leitor menos paciente. Porém, se for estudada a história desta tribo indígena, é fácil compreender como o caso é interessante e até dramático.De acordo com o MPF, "por volta do século XVIII, havia entre 12 e 15 mil pessoas pertencentes a este povo, que aos poucos foram sendo dizimados pelo processo de colonização promovido pelo Estado Brasileiro, principalmente nos séculos XVIII e XIX". Resultado: hoje, existem quatro índios, três jovens índias e um ancião.

O que revela um problema óbvio, em relação a reprodução. Portanto, em bom português, os Juma estão em extinção. Segundo as informações que constam do processo, os Juma são um povo Tupi-Guarani, pertencente ao subgrupo Kawahib, que habitam a região do rio Purus, assim como os Uru-eu-wau-wau, os Karipuna, os Mondawa, os Tenharim, os Parintintim e os Jahói, esses últimos vivem na região do alto e médio rio Madeira. Os grupos, além de falarem idiomas da mesma família lingüística, têm hábitos parecidos, especialmente no que diz respeito a relações de parentesco.

Em março de 1999, segundo a ação, a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) e o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) representaram à Procuradoria da República no Amazonas denunciando a transferência ilegal dos índios Juma, efetuada por agentes da Funai, em 1998, da região em que viviam para a Casa do Índio em Porto Velho, capital do estado de Rondônia. O argumento para a mudança era de que os índios estariam sendo explorados pelos ribeirinhos.

Um tempo depois, os remanescentes da etnia Juma foram transferidos para a área indígena Uru-Eu-Wau-Wau, também em Rondônia. Desde então, reclamam os procuradores, "a Administração Regional de Porto Velho, da Funai vem adiando o retorno dos indígenas Juma às suas terras tradicionalmente ocupadas". "Em novembro de 1998, o Departamento de Assistência/DAS, o Departamento de Índios Isolados/DII e a Administração Executiva Regional de Porto Velho/AERPVH, todos da Funai, haviam celebrado entre si um acordo para viabilizar o retorno dos Juma ao seu território, incluindo proposta orçamentária. Até hoje não se conhece as razões deste acordo não ter sido implementado", informa comunicado do MPF sobre o assunto.
PIB:Juruá/Jutaí/Purus

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