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UNEB lança Licenciatura Intercultural em Educação Escolar Indígena
(Liceei) - Graduação inédita no estado, que conta com investimento de
R$1,9 milhão do MEC, oferece 108 vagas semestrais para 14 etnias -
Inscrições: até 19/fevereiro, via Internet
Uma parceria de sucesso entre a Universidade do Estado da Bahia (UNEB),
o Ministério da Educação (MEC) e 14 etnias indígenas resultou em uma
conquista inédita e de valor histórico para o estado: o curso de
Licenciatura Intercultural em Educação Escolar Indígena (Liceei).
A iniciativa conta com investimentos do MEC da ordem de R$1,9 milhão.
O MEC está financiando as primeiras turmas do curso. Mas, dada a
relevância da iniciativa, vamos buscar outras fontes de recursos junto
a instituições parceiras, para dar continuidade ao programa. É também
missão da UNEB, como uma universidade pública multicampi e inclusiva,
contribuir para sanar dívidas históricas com os povos indígenas ,
adianta o reitor da UNEB, Lourisvaldo Valentim .
De acordo com Rosilene Araújo , coordenadora de Educação Indígena, da
Secretária estadual de Educação (SEC), o secretário da pasta, Adeum
Sauer , já se colocou à disposição para ajudar a UNEB e as comunidades
indígenas a darem continuidade ao projeto Liceei.
Entusiasta do projeto, a pró-reitora de Graduação (Prograd), Mônica
Torres , avalia que a iniciativa reafirma a posição da UNEB como uma
universidade popular, que atende às demandas de segmentos sociais
historicamente excluídos .
O coordenador-geral do Liceei, Marcos Luciano Messeder , também comemora
a abertura do processo seletivo. Antropólogo, Messeder afirma que o
projeto é pioneiro na Bahia e há de se tornar uma referência de
educação indígena no país, pois sua elaboração contou com a participação
coletiva de representantes das comunidades indígenas que vivem na Bahia,
com a SEC e com professores e técnicos da universidade .
Inscrições on-line
A UNEB está inscrevendo até o dia 19 de fevereiro para o primeiro
processo seletivo do curso de Licenciatura Intercultural em Educação
Escolar Indígena .
As 108 vagas do Liceei são voltadas para índios de comunidades do
estado baiano, sobretudo para aqueles que atuaram como educadores ou
gestores de escolas indígenas no ano de 2008. As vagas residuais podem
ser preenchidas por candidatos que não atuem em educação escolar
indígena. Segundo o edital do processo seletivo , os candidatos devem
possuir ensino médio completo ou equivalente.
Para se inscrever, os interessados devem acessar o site do programa -
http://www.selecao.uneb.br/liceei -, preencher e enviar o formulário de
inscrição on-line. É necessário também imprimir o boleto bancário para
pagamento da taxa de inscrição, no valor de R$5 . Taxas, prazos e outros
detalhes do processo constam no edital.
O curso está vinculado aos departamentos de Educação (DEDC) do Campus
VIII (Paulo Afonso) e do Campus X (Teixeira de Freitas) da UNEB, de
modo que possa agregar as etnias regionalmente. A graduação ocorrerá em
regime modular, no turno diurno, ao longo de quatro anos. A universidade
está disponibilizando 54 vagas para cada departamento.
Processo revolucionário
Segundo dados da SEC, mais de 22 mil indígenas, pertencentes a 14
povos, vivem no estado da Bahia. Os índios contam com apenas 57
escolas, distribuídas em 21 municípios. No entanto, apenas quatro
oferecem ensino médio, porque dos 350 professores que atuam nas escolas
indígenas, somente 64 estão cursando o ensino superior e o restante
possui nível de escolaridade entre o fundamental incompleto e o médio
com magistério indígena.
Para Rosilene Araújo, esses números refletem a importância do Liceei, e
a responsabilidade social, cultural e política da UNEB, como uma
instituição precursora na luta pelo desenvolvimento da educação
indígena na Bahia.
O Liceei vai promover a implantação e fortalecimento do ensino médio
e fundamental de nível dois (da quinta à oitava série), beneficiando,
diretamente, mais de seis mil estudantes e impedindo que outros tantos
saiam de suas aldeias para estudar na capital ou até mesmo desistam de
estudar , pontuou Rosilene, que é índia da etnia Tuxá.
Marcos Messeder acrescenta que o curso, mais do que estimular o
crescimento de escolas indígenas, vai iniciar um processo
revolucionário de educação escolar indígena a partir da
interculturalidade, do diálogo entre conhecimentos universais
acadêmicos e saberes tradicionais .
O projeto da nova Licenciatura Intercultural em Educação Escolar
Indígena veio sendo desenvolvido nos últimos cinco anos pela UNEB, com
a participação de comunidades e associações indígenas da Bahia e órgãos
públicos parceiros. O Liceei também entrou na pauta do I Congresso pela
Educação Superior Indígena na Bahia, que reuniu universidades federais
e estaduais brasileiras e representantes de diversas entidades
responsáveis pela causa, a exemplo da Fundação Nacional do Índio
(Funai) , em Porto Seguro, em 2006. No ano seguinte o projeto foi
concluído.
Em 2008, por fim, a UNEB foi uma das cinco universidades estaduais no
Brasil que venceram o edital do Programa de Apoio à Formação Superior e
Licenciaturas Indígenas (Prolind), criado pelo MEC, através da
Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad).
Outros estados brasileiros - como Mato Grosso, Acre e Amazonas - já
contam com cursos de nível superior para indígenas.
Informações : Prograd/Campus I - Tel.: (71) 3117-2443. Inscrições :
http://www.selecao.uneb.br/liceei
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