Comunidade de Cantagalo, em Viamão, se integra a projetos sociais que objetivam a valorização da cultura das tribos no RS
Iniciativas que visam à aproximação de serviços públicos das aldeias deverão traçar as próximas ações voltadas aos povos indígenas em todo o Brasil, a partir deste ano. Os índios guarani-mbya da comunidade Cantagalo, em Viamão, começaram a receber uma prática que deverá se disseminar no país.
Uma estrutura foi montada na Escola Estadual Karaí Arandu, para que os indígenas pudessem se inscrever em programas como o Bolsa-Família, confeccionar documentos, fazer cadastros para encaminhamento de aposentadorias e conseguir comprovantes de atividade rural, entre outras ações. Projetos envolvendo prefeituras, Fundação Nacional do Índio (Funai) e demais órgãos e entidades buscam manter a cultura das tribos com acréscimo de atividades nas comunidades.
O objetivo é proporcionar direitos iguais aos povos indígenas em relação ao restante da população, mas sem ferir a cultura milenar dos índios. Em Viamão, as atividades foram realizadas pela segunda vez. A primeira ocorreu junto aos indígenas que residem na comunidade Itapuã. Conforme o diretor de Cidadania e Direitos Humanos do município, João Luiz de Almeida, as políticas voltadas às tribos necessitam ter a base do conhecimento sobre as atividades e a história desenvolvida ao longo dos anos nas aldeias.
"Não adianta chegarmos nos índios e querer que eles façam coisas como os demais membros da população. Eles jamais serão como nós. Precisamos usar o poder público para disseminar ações, mas respeitando as atividades feitas nas tribos", frisou Almeida, também um estudioso da cultura indígena.
O diretor apontou que o desenvolvimento das atividades passa pelo aprendizado e o conhecimento, e ressaltou que "eles não têm porque não sabem, não porque não querem. Eles não precisam viver como brancos para obter isso. Basta que saibam que documentos são necessários e que caminhos tomar sem que sua cultura seja prejudicada". Quem conviveu apenas algumas horas em uma aldeia indígena pode perceber facilmente o sistema adotado pela comunidade.
As 44 famílias que vivem na Cantagalo vivem do plantio de culturas para sustento próprio e da geração de renda oriunda do artesanato. Os produtos artesanais são vendidos nos centros urbanos ou em eventos realizados em escolas ou demais entidades. Para o alimento, parte do que comem vem da produção de melancia, aipim, batata doce e feijão, entre outras culturas. Todos ajudam nas atividades desenvolvidas na tribo, inclusive as crianças.
As decisões partem do jovem cacique Vherá Poty, de apenas 23 anos. Para ele, as medidas vão ao encontro com uma das principais reclamações dos indígenas: a falta de políticas públicas voltadas à valorização da cultura e das necessidades estruturais nas aldeias, além da desigualdade ao restante da população. "As coisas parecem melhorar. Parece que estamos mais integrados com o restante da população, mas a igualdade de direitos não está assegurada", destacou Poty.
http://www.correiodopovo.com.br/Impresso/?Ano=115&Numero=235&Caderno=0&Noticia=143386
PIB:Sul
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