O grande número de queimadas nos últimos meses coloca Rondônia em estado de emergência ambiental. Na última segunda-feira (6) o Governo Federal publicou decreto de 'função excepcional de interesse público' no Diário Oficial da União em que o Distrito Federal e mais 14 Estados possam contratar brigadistas para combater o fogo sem necessidade de licitação, processo que se torna mais complicado durante o período eleitoral. O decreto de estado de emergência ambiental foi dado ao Amapá, Amazonas, Ceará, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Roraima, Pará, Piauí, Tocantins, Bahia, Goiás e Minas Gerais. Nos oitos dias de setembro, no Brasil foram registros 95.538 focos de incêndios. O Mato Grosso é o que mais queima com 25.564 focos, Pará com 19.592 e Tocantins com 15.482. Rondônia está em décimo lugar.
Do dia 1 até a manhã de ontem, foram registrados 1.270 focos de queimadas no Estado. Se comparado com mesmo período do ano passado, há uma queda de 18% pois no ano passado foram registradas 1545, mas segundo o superintendente do Ibama de Rondônia, César Guimarães, é uma redução que não pode ser comemorada. "As chuvas repentinas podem ter sido responsáveis pela queda, entretanto a tendência é que o mês seja tão crítico quanto agosto. As chuvas só ocorreram na região norte do Estado, o restante continua seco isso preocupa muito", disse.
Por enquanto o grupo de mais de 150 brigadistas foram dispersos. "Combatemos os focos de incêndios no mês passado nas regiões que estavam queimando mais. Houve a chuva, mas não foi ela que resolveu a situação. Agora com o decreto poderemos reunir novamente com facilidade os brigadistas. Será feito uma estrutura mais rápida sem a demora das licitações e processos, pois a situação é realmente de emergência", explicou.
Segundo José Carvalho, chefe da Divisão de Meteorologia do Sipam, Rondônia continua com alto risco de queimadas. "As chuvas na região norte do Estado aconteceu devido à entrada de umidade do Amazonas que chocou com a alta temperatura na região. Mas desde Ariquemes ao restante do estado ainda nesse mês não choveu e pelos dados meteorológicos durante os próximos quatro dias não haverá chuva. Provável que acontece uma chuva sábado ou domingo na Capital por causa ainda da umidade que veio do Amazonas", disse.
Previsão de chuvas
A previsão climatológica indica que as chuvas comecem mesmo a partir do dia 15 de setembro. "Na segunda quinzena é que perceberemos o aumento gradual das chuvas, por enquanto devemos prevenir contra as queimadas, pois a alta temperatura, baixa umidade e o vento forte que corre no estado são propícios a grandes incêndios florestais", alerta José Carvalho.
De acordo com a bióloga da Secretaria Estadual do Desenvolvimento Ambiental (Sedam), Viviane Santos, O Comitê Estadual de Combate a Incêndios Florestais continua atuando em três frentes: monitoramento, conscientização e fiscalização. "Estamos trabalhando nas escolas e comunidades levando alternativas para evitar a queima, também formando brigadistas para combater os incêndios". Os trabalhos que vinham sendo realizados nos últimos dois anos, segundo ela, ainda traz efeitos positivos. "Este ano foi atípico devido os fenômenos naturais, mas o grande problema mesmo é o bom senso das pessoas. Precisamos bater na tecla sempre para que as pessoas não continuem queimando", disse.
Agosto cinza
Em agosto foram registrados mais de 14 mil focos de queima em todo Estado, segundo os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O número representa um aumento de 1.386% comparado com o mesmo período do ano anterior, que contabilizou 946 focos.
Rondônia foi o quinto estado que mais queimou em agosto, ficando atrás de Mato Grosso, grande campeão de queimadas com 64.144 focos, Pará com 62.777, Tocantins com 32.138 e Maranhão com 14.234 focos. No ano passado, o Estado era o 13 em número de queimadas no país.
A situação ficou crítica também nas Unidades de Conservação de Rondônia que registraram 1.625 focos de queimadas durante o mês passado. Em 2009 foram encontradas pelos satélites do Inpe 173 focos de queima. Um aumento de 840% nas queimadas. Na Floresta Nacional do Bom Futuro foram encontrados 572 focos, na Reserva Extrativista de Jaci-Paraná 324 focos e 215 focos no Parque Nacional Pacaás Novos.
As Terras Indígenas também registraram altas no número de queimadas. De apenas 19 no ano passado em todo agosto pulou para 179 focos em 2010, no mesmo mês. O aumento chega a 843%. As áreas que mais registraram queimadas foram Tubarão/Latundê com 70 focos, Kwazá Rio São Pedro com 36 focos e Karipuna com 32 focos.
Operação Labareda
O Comitê Estadual de Prevenção e Combate às Queimadas e Incêndios Florestais se reuniu ontem no gabinete do Corpo de Bombeiro para divulgar o relatório de trabalho da Operação Labareda em conjunto com Defesa Civil, Ibama, Sedam, Idaron, Arom, Instituto Chico Mendes, Marinha, Exército, Batalhão Ambiental, e outras entidades.
O objetivo da operação foi conter a onda de incêndios propagados em vários pontos do território. Cujubim, União Bandeirantes, Machadinho do Oeste, Nova Mamoré, e Flona Jamari são os lugares que mais sofrem com a seca, e os focos de fogo. Outros pontos críticos aonde houve ação foi em Vilhena e na região de Cerejeiras
O comandante geral do Corpo de Bombeiros e presidente do Comitê Estadual de Combate a Incêndio, coronel Ronaldo Nunes Pereira, disse que o Corpo de Bombeiro ficará em alerta para os novos focos de queimadas que podem acontecer em setembro. "Estaremos monitorando dia-a-dia a situação do nosso Estado, a operação ainda não acabou e deve durar todo este mês", disse.
Coronel Nunes contou ainda que em agosto os Bombeiros atendiam diariamente de cinco a seis focos de incêndios urbanos na Capital. "Tivemos muito trabalho, pois a cidade estava em chamas, eram pequenas e grandes queimadas em diversas regiões da cidade. A população ajudou bastante, pois todas as denúncias de queimadas eram reais e não trotes", relatou.
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Amazônia:Queimadas
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