Terra em disputa já foi o maior latifúndio do Brasil

Agência Brasil - www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2009/11/17/materia.2009-11-17.2218590113/view - 17/11/2009
Brasília - Os indígenas que viviam na terra Marãwatsede foram expulsos da área em 1966 após a ocupação comandada pelo fazendeiro Ariosto Riva, em sociedade com o Grupo Ometto. Juntos, eles tomaram controle de uma área que, segundo o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), chegou a ter 1,7 milhão de hectares formando a Fazenda Suiá-Missu, à época o maior latifúndio do Brasil.

Depois de trabalharem gratuitamente para Riva, enfrentarem conflitos com seus empregados, passarem fome e serem deslocados três vezes dentro da fazenda, cerca de 230 índios Xavante foram transferidos por meio de avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para uma fazenda a 400 quilômetros, a Missão Salesiana de São Marcos. Uma semana após o deslocamento, 70 índios morreram por causa de sarampo.

Depois do Grupo Ometto, o controle da fazenda Suiá-Missu foi passado para a empresa Liquifam Agropecuária Suiá-Missú S/A, que foi sucedida em 1980 pela empresa petrolífera estatal italiana Agip do Brasil S/A. A empresa italiana anunciou a devolução da terra aos indígenas em junho de 1992 durante a Conferência ECO 92, após acordo com o governo brasileiro.

Naquele mês, segundo descrito no relatório do juiz Pedro Francisco da Silva, a Fundação Nacional do Índio (Funai) "tomou conhecimento de que as terras da fazenda estavam sendo loteadas por centena de famílias de 'sem terra', com apoio de políticos da região, grandes fazendeiros e da própria Agip do Brasil, com o intuito de obstacularizar o retorno dos Xavante à área".

De acordo com o Cimi, o objetivo da "reforma agrária privada", como ficou conhecida, era a de ter pequenos proprietários que arrendariam suas terras para a produção agropecuária de grandes latifundiários, que assim se livrariam de qualquer litígio direto pela exploração de terra indígena.

A demarcação da terra foi concluída pela Funai em 1993 e a homologação feita cinco anos depois por decreto presidencial. Em 2004 um grupo de índios Xavante retornam à Marãwatsede após acamparem por seis meses à beira da estrada. Segundo o Cimi, há 900 indígenas nas terras que continuam invadidas pelos posseiros e fazendeiros que entraram com recurso na Justiça.
PIB:Leste do Mato Grosso

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