Nova terra para índios que vivem próximos a Belo Monte

O Eco - http://www.oecoamazonia.com/ - 26/01/2011
Para tentar proteger os índios isolados que vivem a menos de 100 quilômetros do projeto da Usina Hidrelétrica Belo Monte, a Fundação Nacional do Índio (Funai) interditou no último dia 11 de janeiro, uma área de 137.756 hectares, entre os rios Xingu e Bacajá, e entre as TIs Koatinemo e Trincheira Bacajá, no estado do Pará.

A Funai pode disciplinar o trânsito de terceiros em áreas em que se constate a presença de índios isolados, bem como tomar as providências necessárias à sua proteção. Para a homologação da nova Terra Indígena, denominada Ituna/Itatá, o órgão federal que executa a Política Indigenista no Brasil, deve concluir e publicar os estudos de natureza etno-histórica, sociológica, jurídica, cartográfica, ambiental, e também o levantamento fundiário necessários à identificação e delimitação da área a ser demarcada.

Em setembro de 2009, a Funai alertou sobre a presença de indígenas em isolamento na região da polêmica represa em setembro de 2009, quando apresentou o "Parecer Técnico n 21 - Análise do Componente Indígena dos Estudos de Impacto Ambiental", com base no Estudo de Impacto Ambiental (EIA) de Belo Monte: "...De acordo com a antropóloga Regina Polo Müller, os Asuriní do Xingu relatam a presença de índios isolados na região do interflúvio Xingu-Bacajá desde a década de 1970".

O território tradicional de ocupação do povo Asuriní, da TI Koatinemo, é justamente a área do encontro desses dos rios, mas os ataques sucessivos dos Xikrins, que atualmente habitam a TI Trincheira-Bacajá, forçaram o deslocamente do grupo para a região do médio curso do Igarapé Ipiaçava.Com o fim do conflito étnico em 1971, a aldeia Asuriní foi transferida nos anos 1980 para as margens do Xingu, na foz do Ipiaçava. Desde então, os Asuriní realizam expedições freqüentes para o médio e alto curso do igarapé, pois a área é rica em caça e coleta, constatando a presença dos isolados na área das suas suas cabeceiras.

Segundo o Parecer da Funai, a possível presença de um grupo isolado (ou grupos) na TI Koatinemo tem gerado uma grande inquietação para os Asuriní, principalmente por eles não saberem se estes são parentes seus que se perderam na floresta durante os ataques Xikrin na década de 1960, ou se são índios não Asuriní: "... Segundo a antropóloga Isabelle Vidal Giannini, os Xikrin demonstraram a mesma inquietação, por também não saberem a origem de tais grupos isolados. Durante as últimas visitas realizadas pela Funai aos Araweté, especula-se até que eles possam pertencer a esse grupo".

O área de movimentação dos isolados está localizada a menos de 100 km (em linha reta) do local onde está previsto o barramento do rio Xingu, no sítio Pimental, na Volta Grande do Xingu. "... Caso esse aproveitamento hidrelétrico seja concretizado, muito provavelmente o território de perambulação desses grupos será afetado, principalmente devido ao fluxo migratório 'espontâneo' previsto para a região, estimado em quase 100 mil pessoas".

Dois anos depois do Parecer da Funai, a restrição de uso da área dos isolados nas duas TIs é concretizada. Agora, a entrada na nova Terra Indígena Ituna /Itatá será autorizada apenas para os funcionários do órgão federal brasileiro, que realizarão o estudo aprofundado desse grupo de índios em situação de isolamento, e ameaçado.


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PIB:Sudeste do Pará

Áreas Protegidas Relacionadas

  • TI Koatinemo
  • TI Ituna/Itatá
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